Por Joana Caldas, Clarìssa Batìstela, g1 SC 04/12/2024
Preso suspeito pela morte do casal, filho lamentou mortes horas após assassinatos — Foto: Redes sociais/Divulgação
Preso suspeito pelos crimes, Walter Gonçalves já estava na casa com o comparsa aguardando pela chegada do casal quando provocou o contato com a mãe, segundo o delegado.
O filho preso suspeito pelos assassinatos dos próprios pais em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, mandou uma mensagem para a mãe dele cerca de 40 minutos antes do casal chegar em casa, onde houve o duplo homicídio.
Ele já aguardava no local, acompanhado de um comparsa, quando provocou o contato telefônico, à 0h15, conforme o delegado responsável pela investigação, Roney Péricles. O suspeito escreveu “vai dormir “ e colocou emojis de olhos e sorrisos.
Susimara Gonçalves de Souza, 42 anos, e Pedro Ramiro de Souza, 47 anos, foram assassinados na madrugada de 23 de novembro, logo após chegarem em casa. Câmeras da casa vizinha registraram a entrada do casal, seguida de um grito surpreso da mulher.
De acordo com o delegado, o suspeito disse à polícia que viu que a mãe estava online no aplicativo de mensagens e por isso enviou o texto a ela, por volta de 0h15 do dia do crime. O casal chegou em casal à 0h53.
O filho foi identificado como Walter Gonçalves. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
A motivação do crime está relacionada a herança.
"Até aqui, a investigação demonstra que a motivação estaria diretamente relacionada aos bens do casal, sobretudo à questão da empresa, em relação à empresa que o casal tinha e que havia um interesse do investigado de administrar essa empresa", resumiu o delegado.
Segundo Péricles, embora o suspeito fosse enteado de Pedro, ele chamava o homem de pai.
O filho lamentou os assassinatos em uma postagem logo após o crime. "Irei amar vocês para sempre, meus amores", escreveu na legenda de uma foto publicada nas redes sociais.
Ramiro e Susy, encontrados mortos em Itajaí, no Litoral Norte de SC — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Troca de mensagens entre mãe e filho
A troca de mensagens entre mãe e filho foi importante para que a Polícia Civil chegasse a ele como suspeito das mortes.
Uma atitude do investigado chamou a atenção, relatou o delegado. No mesmo dia do crime, os policiais conversaram com familiares, incluindo o filho, agora preso.
"Chamou a atenção realmente que ele [filho], no primeiro momento, já comentou que teria conversado com a mãe na véspera. Voluntariamente, na verdade espontaneamente, ele pegou o celular e já abriu a conversação, fez questão de mostrar aos demais investigadores", contou o delegado.
"Isso chamou um pouco da atenção não naquele primeiro momento, mas quando eu comecei a conversar com os policiais militares e civis que atenderam no local", continuou.
Quando o delegado perguntou a outros policiais como havia sido a abordagem com os familiares das vítimas, todos relataram que o filho teve a mesma atitude com todos eles.
"Eles [policiais] mencionaram exatamente o mesmo modo de agir. Ele [filho] contou que tinha conversado [com a mãe], pegou o celular e demonstrou. Isso não é comum. Isso demonstrou para a gente que o comportamento foge um pouco".
"Você está consternado com uma perda de um ente que tem uma relação máxima que podemos compreender do ser humano, né? Mãe e filho. E você está preocupado com demonstrar sempre a conversação? Até porque a conversa não trazia nada de revelador que pudesse auxiliar, então isso chamou bastante atenção, essa manifestação dele com cada policial", completou.
Conforme a polícia, o filho cometeu o crime junto com um comparsa. As investigações continuam para identificar esse segundo executor e descobrir se há mais pessoas envolvidas.
"As demais circunstâncias e a identificação dos demais envolvidos serão melhor esclarecidas com a análise dos aparelhos telefônicos apreendidos na referida ação", reforçou a Polícia Civil, em nota.
Cronologia do crime
O delegado detalhou a cronologia do duplo homicídio.
• suspeito e comparsa chegam à casa das vítimas mais de duas horas antes de o casal voltar para a residência
• eles chegaram ao local de bicicleta, mas um dos autores havia deixado uma moto estacionada a dois quilômetros da residência do casal
• um dos homens estava de capacete e capa de chuva e o outro, de boné
• eles entraram na casa usando um controle remoto para abrir um portão da residência
• os dois ficaram dentro do imóvel esperando as vítimas
• antes de voltar para o imóvel, o casal havia saído para jantar, ido a um karaokê e passado em uma lanchonete para comprar comida para ser consumida na residência
• o casal chegou em uma caminhonete à 0h53 de sábado. A entrada das vítimas na casa foi registrada por uma câmera de segurança
• após o casal entrar no imóvel, pouco tempo depois se ouviu um grito da mulher
• suspeito e comparsa permaneceram por mais uma hora na casa e saíram pelo portão usando o controle remoto. Dentro dessa uma hora, cometeram o duplo homicídio
Por enquanto, a polícia não tem informações detalhadas sobre como foi a dinâmica do crime dentro da residência. Os investigadores aguardam o laudo da Polícia Científica para terem com precisão a causa da morte.
"O laudo necroscópico ainda não foi encaminhado pela Polícia Científica. Os sinais aparentes de morte indicam asfixia. Contudo, quando o homicídio ocorre por asfixia, pode se dar de diversas maneiras", explicou o delegado.
O próprio suspeito foi quem acionou o Corpo de Bombeiros, dizendo ter encontrado o casal desacordado dentro de casa. A prisão aconteceu no domingo (1º) e a Delegacia de Homicídios fala em crime premeditado, ressaltando que o envolvido "iria se beneficiar do patrimônio do casal".
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2024/12/04/filho-preso-matar-pais-sc.ghtml