Por Gustavo Chagas, g1 RS
Debora Moraes, de 30 anos, morta em Porto Alegre — Foto: MAB/Divulgação
Debora Moraes, de 30 anos, teria sido enforcada, diz delegada. Homem chegou a acionar o Samu alegando suicídio da vítima, mas socorristas chamaram a polícia, que verificou inconsistências na versão.
Uma líder de movimento social foi encontrada morta enforcada em casa na segunda-feira (12), na Zona Leste de Porto Alegre. A Polícia Civil acredita que Debora Moraes, de 30 anos, foi morta pelo ex-companheiro, que não aceitaria o fim do relacionamento. A vítima era coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Porto Alegre.
O suspeito foi preso em flagrante e teve a prisão convertida para preventiva após decisão judicial. O nome dele não foi divulgado pela polícia, em razão da Lei de Abuso de Autoridade.
De acordo com a delegada Fernanda Campos Hablich, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), o homem chamou o Samu dizendo que a vítima teria tirado a própria vida. "O companheiro alega que encontrou ela sem vida, um suposto suicídio. Ele chamou a Samu", diz.
Contudo, os socorristas chamaram a polícia, que verificou inconsistências na versão apresentada pelo suspeito.
"[A polícia] detectou que a posição do corpo e alguns sinais eram incompatíveis com o suicídio", explica a delegada.
A investigação, então, ouviu vizinhos da vítima. As testemunhas relataram que a mulher tinha um relacionamento complicado com o suspeito e que desejaria romper o vínculo. De acordo com a delegada, Debora chegou a ter uma medida protetiva contra o homem, mas a norma já não estava em vigor.
"Ele disse para ela que, se ela resolvesse sair do relacionamento, ele a mataria. A gente acha que esse foi o motivo. É como acontece na violência doméstica. É bem característico, quando a mulher deseja romper o ciclo", comenta a delegada.
Debora deixa uma filha de sete anos, que está sob cuidado de parentes. Em nota, o MAB pediu justiça na condução do caso.
"Recebemos com indignação e tristeza a notícia da perda de mais uma companheira pela violência do patriarcado. [...] Era uma mulher jovem, mãe, alegre e aguerrida, que se colocava na linha de frente da luta por justiça. Débora tinha acabado de conquistar o direito ao reassentamento e, sequer, pôde vivenciar sua conquista", diz a entidade.
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2022/09/14/lider-de-movimento-social-e-encontrada-morta-em-porto-alegre-ex-companheiro-foi-preso.ghtml