Tite aprova atuação da Seleção em goleada: "Não só de quem começou, mas de quem entrou"

Esta foi a primeira de duas partidas na Ásia em mais uma etapa de preparação para a Copa do Mundo do Catar.

Treinador elogia "perninhas rápidas" de atacantes e valoriza Alex Sandro, destaque da vitória brasileira sobre a Coreia do Sul por 5 a 1, em Seul

Por Bruno Cassucci — Seul, Coreia do Sul

Coreia do Sul 1 x 5 Brasil em amistoso

O técnico Tite disse que há correções a serem feitas e tentou evitar empolgação, mas se mostrou satisfeito com o desempenho brasileiro na vitória sobre a Coreia do Sul por 5 a 1, a maior goleada na história de sete confrontos entre as seleções.

Esta foi a primeira de duas partidas na Ásia em mais uma etapa de preparação para a Copa do Mundo do Catar. Na próxima segunda, enfrenta o Japão, às 7h20 (horário de Brasília), em Tóquio.

Os gols brasileiros foram marcados por Neymar (dois de pênalti), Richarlison, Philippe Coutinho e Gabriel Jesus. Para os sul-coreanos, o gol foi de Hwang Ui-jo, atacante do Bordeaux, da França.

Ao lado do auxiliar Cléber Xavier, o técnico Tite participou de coletiva de imprensa após a partida e apresentou sua análise:

– A seleção brasileira esteve num patamar de desempenho em jogos recentes nossos. Fazer isso fora de casa, em ambiente e situação diferente, com nosso relógio biológico, com o fuso, é difícil. Tive que tomar um bando de café e, se não estiver com a cabeça legal, é difícil fazer isso com esse nível de desempenho. Gostei não só de quem começou entre os 11, mas de quem entrou. Ainda mais com alguns atletas vindo depois e trazendo esse nível de desempenho. Eu falo das "perninhas rápidas". Quanto mais o Fábio (Mahseradjian) colocar intensidade, mais o adversário se desgasta. A Seleção teve um padrão de atuação dos últimos jogos – disse o treinador. 

Tite e Cléber Xavier, auxiliar, na coletiva de imprensa após o 5 a 1 contra a Coreia do Sul — Foto: Bruno Cassucci

Tite também elogiou a partida de Alex Sandro, destaque do Brasil. O jogador da Juventus participou de três gols na goleada brasileira. Cléber Xavier lembrou que teve contato recente com o lateral-esquerdo e explicou a retomada de desempenho do jogador.

– O Alex Sandro teve um grande jogo na vitória contra o Uruguai (4 a 1 no ano passado). Depois ele teve desgaste, lesões e não conseguiu manter o nível. Tivemos visita a ele, falamos para ele desenvolver. No último jogo da Juventus, eu assisti e mandei mensagem para ele parabenizando. Ele tem noção e leitura de jogo muito alta e por trás qualidade e força de chegada. Contra o Peru, também sofreu pênalti numa situação de infiltração, ele equilibra bem também os lances defensivos. Ele estando bem fisicamente, voltando a esse nível, consegue fazer um grande jogo, como hoje – comentou o auxiliar.

Tite analisa atuação da Seleção contra a Coreia do Sul

Confira mais da coletiva de Tite

Do que mais gostou?

– As construções e os perninhas rápidas. Os dois externos. A gente ajustou no intervalo porque o Raphinha estava vindo buscar muito atrás a bola. Ele tem a jogada construída e pensa na combinação com Neymar. No primeiro tempo a gente tinha que ter ele mais na última linha e eu dizia, "Calma, espera". Gostei de ter tomado o empate e ter mantido o nível de concentração. No pênalti, devemos ter ficado circulando a bola mais de um minuto e meio. Foi 1:40 até ter a infiltração. O Alex Sandro não é o jogador que fica lá na frente, vem de trás para surpreender. Esse aspecto também, tomar o empate e manter o nível de concentração, a bola não queimar no pé, rodar até encontrar o espaço.

– (Cléber) A equipe da Coreia é muito dinâmica, constrói de trás e tem dinâmica para agredir marcação. Tinham seis jogadores que em 2018 venceram a Alemanha. Se não entrar com foco, eles te atropelam e foram superagressivos.

Erro no gol

– No gol que tomamos, tivemos erro de posicionamento. Quando mexeu uma peça, a gente desajustou e eles infiltraram por dentro. Precisamos de correções e a gente fez no intervalo. Enquanto mecanismo, organismo vivo, ficar trocando muita peça é duro (para a equipe). Foi meio acidental o giro dele (atacante sul-coreano), a bola enroscou e ele virou de frente. Temos que cuidar para não trocar muito e daqui a pouco essa estruturação se perder.

Tite analisa gol da Coreia: "Erro de posicionamento, temos correções"

O meia Neymar

– Neymar é arco e flecha, conforme as circunstâncias do jogo. Ele tem essa capacidade. No PSG, jogando mais atrasado em relação a Mbappé e Messi. Aqui, ele fica mais premiado, mais flecha, a equipe trabalha em função de dar criatividade a ele nesse aspecto. Temos equipe solidária. Quando o atleta entra com aspecto solidário que entrou o Jesus. Antes de marcar seu gol, ele baixou duas e três vezes, fez cobertura. Quando tem um time que se gosta, está muito mais perto da vitória. Quando tem amizade, está muito mais perto de fazer algo a mais. Não é babar, é conhecer o futebol. Quando está propenso a fazer cobertura, isso te traz uma relação que o grupo está se formando.

"O Neymar é arco e flecha, depende da circunstância que o jogo se apresentar" diz Tite

Ambiente da Seleção

– Não são só aspectos positivos, estou chateado com o Fabio (Mahseredjian) que me levou em passeio que tinha que subir escada e estou com meu joelho doendo até agora (risos). O Cesar Sampaio também, com o quadril. Eu não sou um cara invasivo, tento ser mais discreto, meu estilo é de falar, dizer, não ficar toda hora enchendo o saco, vai pra lá, vem pra cá. Mas fomentar esse estilo de relação. Eu não tenho esse lugar de fala, mas tem dois jogadores de seleção brasileira, um campeão do mundo (Juninho Paulista e César Sampaio), que têm lugar de fala, sabem a importância de ter esse tipo de relação.

Jogador corre pelo técnico?

– Não. Jogador corre por orgulho próprio, porque gosta do seu trabalho, de ter desafios, gosta de desempenho alto, de ser desafiado, bem treinado. Eu falo para a comissão, não vai passar imagem sem ter nível de conhecimento, porque eles têm função da posição-função que exercem. Por que fechei do lado oposto, por que tenho que alinhar? O atleta tem muito mais informações, são gerações, eu não tive na minha. Velocidade da execução da jogada... São aspectos importantes. Ontem falamos porque não sai gol de bola parada, como as coisas vão evoluindo. A grande Holanda de 74 fazia linha de impedimento. Ver se hoje teria, com VAR? Esses ajustes de cada época, cada situação. Nem estamos aqui ufanistas, veio para a Coreia, é difícil. Estamos sensatos, com discernimento.

Lidar com favoritismo

– Com naturalidade, com discernimento, com sensatez, fortalecendo a cada momento. Esses ruídos de fora não podem entrar aqui. Alguém me falou: "tem que saber por que ganha e por que perde e empata", senão não vai repetir padrão e sucesso.

Jogo contra o Japão

– Precisamos manter padrão e dar sentido de organização para a equipe. Quando não tem sentido de organização, você não está dando oportunidade, está jogando atleta para dentro de campo. A gente procura ajustar. Também queremos oportunizar, mas em cima do que os jogadores fazem no clube e aqui na Seleção.

– (Cleber) Existe processo, as coisas caminham dentro desse processo. Agora é analisar o jogo (contra a Coreia), tirar o que fez de bom, tirar as correções, mostrar para os atletas, no sentido físico e clínico ver como os atletas estão, e usar os dois dias que temos até o jogo contra Japão para definir a equipe e trabalhar. Além de terminar de analisar o Japão, que também fez um amistoso, para que a gente possa trabalhar em cima de qual estratégia será utilizada.

Atuação de Fred

– No último jogo o Bruno Guimarães jogou para caramba, foi o melhor do jogo. Nessa o Fred voltou bem. Ele é mais um articulador, um jogador que participa da jogada de frente, no gol do Richarlison... E teve uma outra que eu cobrei: "Você estava sem pressão, acerta o gol, valoriza a tua infiltração". Ele acelerou demais... É um processo.

https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2022/06/02/tite-aprova-atuacao-da-selecao-em-goleada-contra-a-coreia-nao-so-de-quem-comecou-mas-de-quem-entrou.ghtml