O Globo
Bolsonaro: até agora, pesquisas mostram cenário desfavorável ao presidente na corrida eleitoral Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Pesquisa mostra que 49% dos entrevistados em São Paulo e 48% no Rio de Janeiro consideram o governo atual como ruim ou péssimo, enquanto apenas 28% e 27%, respectivamente, avaliam como bom ou ótimo
RIO — A cerca de seis meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acumula rejeição entre quase a metade dos eleitores nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, dois dos mais importantes colégios eleitorais do país. É o que aponta pesquisa do Datafolha, publicada neste sábado (9) pela Folha de S. Paulo, que mostra que 49% dos paulistas e 48% dos fluminenses consideram o governo atual como ruim ou péssimo, enquanto apenas 28% e 27%, respectivamente, veem a gestão como boa ou ótima. Por fim, 23% dos entrevistados em ambos os estados definiram como regular a condução no Palácio do Planalto até aqui.
Além da importância na corrida eleitoral, Rio e São Paulo também são importantes para o presidente por todo seu contexto político; nascido no interior de SP, Bolsonaro fez sua carreira no Rio e hoje tem os filhos representando ambos os estados em diferentes esferas do legislativo — Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal, Flavio Bolsonaro (PL-RJ), senador, e Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio na Câmara Municipal. Os dois estados também foram decisivos a favor de Bolsonaro na última eleição, em 2018, quando ele venceu Fernando Haddad (PT) no segundo turno; entre estes eleitores, teve 68% dos votos naquela ocasião, o que garantiu uma frente de 11 milhões de votos.
Índice diminuiu
Se o cenário se apresenta desfavorável ao presidente em São Paulo, no entanto, uma análise mais aprofundada dos números ajuda mostrar também que, em contrapartida, a rejeição era muito maior em setembro do ano passado, quando, com a pandemia ainda recrudescente, o governo via uma série de denúncias e suspeitas virem à tona durante a CPI da Covid; além disso, no 7 de Setembro, também protagonizou manifestações tidas como de cunho golpista. O levantamento, àquela altura, mostrava que 65% dos eleitores consideravam a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima, enquanto apenas 16% viam como boa ou ótima.
Aprovação maior entre evangélicos e classe média
Os dados da pesquisa também ajudam a traçar um perfil do eleitor que Bolsonaro tem ao seu lado hoje. Enquanto a popularidade do presidente continua caindo entre mulheres, pessoas com nível Superior e o público jovem — entre pessoas com 16 e 24 anos, apenas 12%, no Rio, e 18% em SP, definiram o governo como bom ou ótimo —, os números são acima da média quando analisados os eleitores com renda maior e, também, entre os evangélicos.
A pesquisa mostra que, em São Paulo, pessoas com renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos acumulam uma aprovação de 34% a favor do presidente — índice bem acima da média. Entre os evangélicos, a taxa é de 37% de aprovação nos dois estados.
No Rio de Janeiro, a aprovação a Bolsonaro cresce para 48% quando se leva em consideração eleitores do governador Cláudio Castro (PL). Entre os eleitores do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), no entanto, a rejeição atinge 60%.
Em SP, eleitores de Fernando Haddad (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto, acumulam uma reprovação de 68% ao governo de Bolsonaro; entre os que reprovam o atual governado, de João Dória (PSDB), há aprovação de 39% à gestão do presidente.
A pesquisa do Datafolha foi realizada entre terça-feira (5) e quinta-feira (7) e ouviu 1.218 pessoas no RJ e 1.806 em São Paulo. A margem de erro, segundo o estudo, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, em SP, e de três pontos percentuais, para mais ou para menos, no Rio. No mês passado, pesquisa anterior já havia apontado que, em todo o Brasil, Bolsonaro acumulava uma avaliação de 46% para um governo ruim ou péssimo e de 25% para bom ou ótimo, um patamar parecido com o obtido nos dois estados do sudeste.
Na última pesquisa sobre intenções de voto divulgada pela Folha de S. Paulo, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Lula (PT) aparece liderando a corrida, com 55% dos votos num cenário de segundo turno com Bolsonaro, que acumulou 34% das intenções. Nesta pesquisa, foram ouvidas 2.556 pessoas entre os dias 22 e 23 de março.
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