Tom Tático: Zé Roberto se destaca neste início, mas Ceará ainda pode ter outras soluções para ataque letal

Desde 2018, o Alvinegro não consegue encontrar um camisa 9 goleador. E ainda quer para 2022

Zé Roberto, Ceará — Foto: Thiago Gadelha/SVM

Por Tom Alexandrino — Fortaleza, CE

Um pequeno trecho da coletiva do técnico Tiago Nunes despertou atenção:

"Eu posso enxergar o ideal como performance, mas normalmente o torcedor enxerga ideal como resultado".

O contexto era sobre buscar o "Ceará ideal" nos próximos jogos diante de algumas adversidades que o time enfrentou durante a preparação para temporada. E ele complementa que o ideal é encontrar o equilíbrio entre performance e resultado. O trabalho do Tiago já mostra sinais de maturidade, ideias, padrões e indicativos de que o rendimento tende a evoluir nos próximos jogos. Tudo isso já havia sido construído na temporada passada, e a qualificação do elenco para 2022 evidencia ainda mais.

E com essa busca por padrão, surgem questionamentos antigos. E o centroavante? A formatação de elenco para essa temporada visualizava como prioridade a contratação de um "camisa nove" que inspirasse confiança e tivesse um padrão de complemento na qualificação de elenco.

Antes de entrar na necessidade (ou não) da atual temporada, é preciso fazer um exercício: o Ceará errou nos anos anteriores dentro do mercado? As avaliações de centroavantes que frustraram a expectativa do torcedor foram equivocadas?

Se houve expectativas em algumas contratações feitas para o setor, é sinal que os nomes agradavam e que trouxe aceitação por parte do torcedor. Esse exercício compreende os anos de Série A do Alvinegro. Cada ano tem a sua circunstância. Fatores financeiros, de avaliação dos jogadores e experiência na elite do futebol brasileiro são fundamentais para um entendimento.

Em 2018, ano de retorno para Série A, é preciso considerar a experiência na competição, na formatação de elenco e gestão de comando técnico. O Ceará tinha a base do acesso, tinha um time, em tese, padrão de Série B jogando uma Série A. Arthur Cabral era a referência, foram sete gols na primeira divisão e isso ficou mais evidente após a chegada do Lisca. Nessa temporada, o Ceará ainda teve Elton, Ricardo Bueno, Felipe Azevedo, Eder Luís, atletas que pouco corresponderam.

Foi um ano de assimilação, onde financeiramente não havia um equilíbrio para ter um time competitivo em uma Série A. Além dos erros de avaliação na formação do elenco e nas trocas de comando que atrapalharam uma sequência maior. Ainda com alguns erros de 2019, parecia um ano mais promissor, vitória em clássico, zona de Sul-Americana, então veio jejum com Enderson Moreira. Mesmo o time atuando bem, os resultados não apareceram. Na sequência, Adilson Batista e Argel Fucks ditaram o restante da temporada do Ceará, e do meio para o fim, Thiago Galhardo, que era meia, se transformou em um centroavante.

Tentativas como Rodrigão, Rafael Sobis, Felipe Vizeu, Bergson, não supriram a lacuna deixada por Arthur, ainda de 2018. Houve erro de avaliação? Não nos últimos anos, pelo contrário, o Ceará buscou preencher essa lacuna no mercado com atletas, que até aquele momento, tinham credibilidade no mercado.

Tiago Nunes e o "centroavante"

A reposição para o setor feita no mercado foi com Zé Roberto, ponta/segundo atacante de origem, que se transformou em centroavante há pelo menos três temporadas. Além de Jael, Clebão e outras possibilidades para utilizar como referência, Tiago não se prende ao mito do "camisa nove", ele se apega mais à função exercida dentro de campo. Mais vale um "nove" eficiente para o coletivo, com dinâmica de jogo, movimentação e infiltração, a necessariamente um "nove" estático esperando a bola chegar.

O Ceará é um time que vai buscar dinamismo ofensivo, sem atletas "guardando posição". Zé Roberto vem sendo um grande destaque neste início, com gol e assistências. Vina está ficando mais à vontade próximo à área, semelhante ao que foi na temporada mágica do atleta em 2020, além de Mendoza buscando uma regularidade maior de atuação durante a partida.

Há indícios de que Elkeson possa vir, boa contratação? Nesse contexto, o que busca Tiago? Excelente! Só é preciso avaliar a questão física e readaptação ao futebol brasileiro. O Ceará precisava desse centroavante com 'status' de titularidade? Quanto mais você puder qualificar o elenco e um setor carente nos anos anteriores, melhor para a sequência de trabalho e planejamento do treinador alvinegro.

Mas, independente de ter ou não o sonhado centroavante goleador, é necessário entender que isso só vai depender do encaixe e mecânica das peças ofensivas. Adiantou a grife de Rafael Sobis e Felipe Vizeu, sem existir o tal encaixe do setor ofensivo? O elenco do Ceará foi qualificado para temporada, mas só os resultados poderão confirmar esse conceito. A ideia fixa do centroavante talvez nem seja tão necessária na prática, e a solução dos goleadores pode estar no setor ofensivo, afinal, Vina produz gols, Mendoza 'pisa' na área e o encaixe do setor pode definir mais de um goleador para temporada.

https://ge.globo.com/ce/futebol/times/ceara/noticia/tom-tatico-ze-roberto-se-destaca-neste-inicio-mas-ceara-ainda-pode-ter-outras-solucoes-para-ataque-letal.ghtml