Defensor da Amazônia e da biodiversidade, biólogo Thomas Lovejoy morre aos 80 anos

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Filipe Barini

Biologo americano Thomas Lovejoy, em agosto de 2017 Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Pesquisador atuava no Brasil desde os anos 1960, e ajudou a destacar a necessidade da preservação do bioma amazônico

Morreu neste sábado, aos 80 anos, o ambientalista americano Thomas Lovejoy, um dos principais nomes da defesa da conservação de biomas, como a Amazônia, e apontado como um dos primeiros cientistas a popularizar o termo “diversidade biológica” além do meio científico.

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Biólogo formado pela Universidade de Yale, com ênfase na biologia tropical e em ações de conservação de biomas, estabeleceu uma relação mais que próxima com o Brasil ainda na década de 1960, quando esteve na Amazônia durante seus estudos de doutorado. Mais tarde, nos anos 1970, ajudou na elaboração de estudos sobre o impacto do desmatamento sobre a diversidade da fauna e flora amazônicas.

— A Amazônia era esse mundo selvagem inacreditável e tropical. Era como se tivesse morrido e chegado ao Paraíso. Era fascinante, e aos poucos passei de simplesmente fazer ciência a fazer ciência e conservação ambiental — declarou, em 2015, à revista Pesquisa Fapesp. — A Amazônia é um dos lugares mais importantes para trabalhar no mundo.

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Nas décadas seguintes, passou a trabalhar em programas de organizações de conservação, como o WWF e o Instituto Smithsonian, sempre colocando ênfase na necessidade da proteção do bioma amazônico. Nesta época, se notabilizou por popularizar o uso da expressão “diversidade biológica” ou “biodiversidade”, que passaria a ser incorporada ao meio acadêmico e políticas públicas no futuro.

— Fui o primeiro a usar o termo “diversidade biológica”, ainda nos anos 1980. A comunidade científica discutia sobre a variedade de seres vivos na natureza, mas não tínhamos esse termo definido. Na época, ninguém prestou atenção em quem foi o primeiro, só depois as pessoas perceberam de fato. — revelou em entrevista ao GLOBO, em 2017.

Ao longo de sua carreira, atuou como conselheiro para biodiversidade para o Banco Mundial, entre 1999 e 2002, para o Banco Interamericano de Desenvolvimento, além de posições exercidas na Fundação das Nações Unidas, a Associação de Conservação da Amazônia e a Sociedade pela Conservação Biológica. Em abril, foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Ele ajudou a fundar o Centro de Biodiversidade da Amazônia e o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, em 1979, baseado em Manaus e que levou à produção de centenas de artigos, dissertações e teses nas décadas seguintes — ao longo de sua carreira, se pautou em levar ao mundo a urgência de preservar a Amazônia.

— É uma grande floresta, reconhecida no cenário mundial, mas muitos brasileiros não sabem disso. Mesas de discussão e congressos sobre sustentabilidade são essenciais. Viajei mais uma vez ao Brasil porque mantenho interesse muito grande pela infraestrutura sustentável que, acima de tudo, respeita o meio ambiente — disse em 2017 ao GLOBO.

https://oglobo.globo.com/mundo/defensor-da-amazonia-da-biodiversidade-biologo-thomas-lovejoy-morre-aos-80-anos-25332215