RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE
Diante do atrasos das obras, a Fifa quer que o governo federal priorize alguns projetos essenciais no pacote relacionado à Copa-2014.
Foi o que contou na sexta-feira o secretário-geral Jérôme Valcke. Sua explicação foi uma resposta à pergunta sobre relatório da União desta semana que apontou que 40% dos 101 projetos do Mundial ainda não saíram do papel. O cartola disse ter conhecimento do documento.
"O que discutimos com o governo é ter certeza daqueles [projetos] que são chave na organização da Copa. Podemos decidir quais não são chaves. Teremos então uma priorização dos projetos para botar energia naquelas que são chave na organização", apontou o dirigente.
Sua posição é consequência da constatação da entidade, neste ano, de que não há como tudo prometido ficar pronto até o Mundial por conta dos atrasos atuais. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já reconheceu isso.
Embora Valcke não tenha sido específico, a prioridade para a entidade --fora os estádios-- são os aeroportos. Sem hotéis suficientes em todas as sedes, a organização deve contar com grandes volumes de voos para transportar torcedores a cidades nos mesmos dias dos jogos.
Os projetos dos aeroportos começaram a andar recentemente, enquanto os estádios estão atrasados, mas todos saíram do papel ao menos. As obras de mobilidade urbana apresentam o ritmo mais lento. Com exceção das que dão acesso às arenas, essas não são imprescindíveis à Copa, mas trariam o maior benefício à população.
Com a melhoria da relação com o governo, a Fifa tem a possibilidade de explicitar suas prioridades. Valcke afirmou que já tinha conhecimento do relatório do governo e por isso já discutira medidas a serem tomadas.
Ele estará no Brasil na próxima semana para evento no Rio de Janeiro e voltará ao país no final do mês. Membro do Comitê-Executivo da Fifa, Marco Polo Del Nero admitiu que há atrasos nas obras ao contrário da versão do Ministério do Esporte para qual todos os projetos estão dentro do cronograma.
"Sabemos que há atrasos. Mas sempre dá para dar o jeitinho brasileiro. As obras no Brasil, quando deslancham, vão mais rápido. E elas já aceleraram o ritmo", explicou. A expectativa do governo é concluir 85% das obras até 2013, e o restante, em 2014.