Família denuncia infecção em hospital após morte de bebês no RJ

Pai de gêmeos mortos denuncia infecção hospitalar; unidade nega.

A morte de 8 bebês este mês no Hospital da Mulher, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, está causando revolta entre os moradores e é alvo de investigação. Um dos casos mais recentes é dos gêmeos Rian e Raone Oliveira Rangel, que morreram nos dias 22 e 27 de junho. A família afirma que as crianças morreram por infecção hospitalar.

O corpo de Raone foi enterrado no dia 22 de junho, no Cemitério de São Gonçalo. Já o irmão, Rian, foi sepultado na tarde desta quinta-feira (28), no mesmo cemitério.

Procurada pelo G1, a Prefeitura de São Gonçalo confirmou que desde o início de junho, oito bebês morreram na unidade. Em nota oficial da prefeitura, "a direção do Hospital da Mulher afirma que não existe um surto de infecção hospitalar na unidade de tratamento intensiva neo-natal".

"Esclarecemos ainda que a causa das morte dos bebês não foi a mesma. As crianças que vieram a falecer tinham no máximo 1,3 quilos, nasceram de forma prematura e com algum tipo de comprometimento: má formação pulmonar, obstrução intestinal, má formação óssea ou infecção", afirma a nota, ressaltando que "a maternidade do Hospital da Mulher é de alto risco".

O pai dos gêmeos, o segurança Leandro Borges Rangel da Silva, de 29 anos, conta que a esposa, a manicure Elizangela Oliveira Pantoja, de 36 anos, deu entrada no hospital no dia 1º de junho, com contrações. No dia seguinte, os médicos optaram por fazer uma cesariana. As crianças nasceram com seis meses de gestação, pesando 1,340 kg e medindo 39 cm.

"Apesar de prematuros, os meus filhos nasceram bem de saúde. Estavam saudáveis, nao havia nada de errado com eles. A minha esposa também estava bem, tanto é que ela teve alta dois dias depois com apenas uma receita de Paracetamol. Eles (hospital) estão colocando a culpa na minha mulher, dizendo que ela estava com infecção urinária, mas não estava. Nao há nada que prove isso", disse Leandro.

De acordo com Leandro, os médicos comunicaram à família que os gêmeos estavam bem e que só iriam para a UTI Neonatal para ganhar peso. Ele disse, ainda, que a equipe médica alegou que não seria necessário entubar as crianças porque os pulmões estavam funcionando bem e que ficariam internados entre 15 e 20 dias. Durante as visitas, segundo o pai, as informações eram boas.

No entanto, ainda de acordo com a família, no dia 5 de junho, o recém-nascido Rian teve que ser entubado, e passou por exames de sangue, onde foi constatada uma infecção generalizada. No dia seguinte,o irmão Raone apresentou o mesmo problema. Segundo os médicos, o coração estava batendo mais devagar e os rins haviam paralisado. Raone morreu no dia 22 de junho, e o irmão, no dia 27.

"Não foi culpa da minha esposa. Foi descaso desse hospital e de toda equipe. Aquilo lá é uma bagunça. O atestado de óbito dos meus filhos é uma mentira porque eles alegam morte por infecção urinária materna, mas nem liberam os documentos da minha mulher. Tentamos fazer transferência do Rian, mas não deixaram, falaram que ia parecer que eles não foram bons profissionais e agora quem está com dois filhos no caixão sou eu", completou Leandro, indignado.

Outras mortes
A avó dos gêmeos, Sônia Borges Rangel, contou que, somente na quarta-feira (27), três bebês morreram no mesmo hospital e com os mesmos sintomas dos netos. Ela contou que a família já acionou a Justiça e que um médico chegou a ser enviado na sexta-feira (22) ao hospital para tentar fazer a transferência do bebê e saber de fato o que estava ocorrendo. No entanto, de acordo com ela, a visita foi em vão.

"Aquele hospital está com bactéria e minha nora fez todos os exames e não deram nada. Ela estava saudável, fez todo o pré-natal, teve acompanhamento médico. Quanto mais grávidas derem entrada lá, mais crianças sairão mortas. Alguém tem que fazer alguma coisa, senão as mortes nao vão parar", denunciou ela.