José Paulo Tupynambá
Com a presença de 10 senadores, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) realizaram audiência pública conjunta nesta quarta-feira (20), no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, em atividade paralela à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Na abertura da reunião, o presidente da CRA, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), lembrou que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO, no acrônimo em inglês) projeta que a população mundial necessitará de 70% mais alimentos até 2050, e que o Brasil, na mesma projeção, será responsável por 40% dessa nova demanda. Já o Ministério da Agricultura, segundo o parlamentar, calcula que, para alcançar a meta prevista pela FAO, terá de ampliar sua área ocupada por lavouras de 62 milhões de hectares para 68 milhões, até 2020.
- A proposta de desmatamento zero é incompatível com a meta de produção de alimentos estipulada pela FAO – disse Acir Gurgacz, para quem, além da recuperação de áreas degradadas, novas terras terão de ser convertidas para a agricultura.
O presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), afirmou que 70% da água doce hoje utilizada no mundo se destinam à agricultura. Para ele, o grande desafio é reduzir este consumo de água, ao mesmo tempo em que se amplia a produção de alimentos. A saída, informou, é o aumento da produtividade, seguindo a tendência brasileira que, em três décadas, aumentou a área plantada em 45%, mas a produção em 268%.
Rodrigo Rollemberg disse também que o país não pode se esquecer da energia, aumentando ainda mais sua matriz energética renovável, hoje em 44% do total – a média mundial é de 13%.
- Não podemos deixar a descoberta do pré-sal reduzir a utilização da agro-energia – afirmou o presidente da CMA, lembrando que o Brasil tem o "pré-sal verde".
A reunião foi feita no Espaço AgroBrasil, montado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outras entidades no Pier Mauá, na zona portuária do Rio. A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (PSD-TO), salientou a importância do setor agropecuário estar presente na Conferência ambiental, para ela um fato impensável em 1992, quando foi realizada, também no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco92). A parlamentar enfatizou a impossibilidade de se discutir o meio ambiente sem abranger as questões da pobreza e da economia verde e disse que a valoração das questões ambientais dentro do capitalismo é que vai sustentar as políticas ambientais.
Kátia Abreu afirmou que, dos 236 milhões de hectares destinados à produção agropecuária no Brasil, 15% estão degradados. Informou que o custo para recuperação as áreas degradadas é estimado em R$ 80 bilhões e que essa recuperação pode dobrar a produção de carne ou triplicar a produção de grãos.
Agência Senado