Cerca de 45 estão desistindo da cultura de cana-de-açúcar no Triângulo.
Arrendar terras para o cultivo da cana-de-açúcar até pouco tempo era garantia de dinheiro certo. No entanto, aproximadamente 45 produtores de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, estão desistindo da cultura. Isso porque o Grupo João Lyra, um dos maiores desse segmento no país, está em atraso com o pagamento.
O grupo tem sede em Alagoas, com ramificações na Bahia e em Minas Gerais. São um total de dez empresas nos ramos da agroindústria sucroalcooleira, de fertilizantes e adubos, além das que pertencem aos setores automobilístico, de transportes aéreos e hospitalar. O G1 procurou um responsável por telefone em Ituiutaba, mas ninguém quis dar entrevista e nem enviar nota para esclarecer a questão. No posto do Ministério do Trabalho e Emprego de Ituiutaba ninguém quis falar também sobre o assunto, mas confirmaram que já foram feitas várias denúncias de falta de pagamento.
Na região, a área arrendada para a cana-de-açúçar chega a quase 33 mil hectares, de acordo com o Sindicato Rural de Ituiutaba. E o valor a receber pelos produtores é de quase R$ 35 milhões. O pagamento se refere à safra 2010 e 2011. "Se não houver uma resolução o mais rápido possível significa total prejuízo para os produtores que tem como essa a única fonte de renda", explicou o presidente do Sindicato Rural, Lindolfo Marques.
Há 20 anos, quase metade dos produtores da região apostou na cultura. O que para eles era um bom negócio agora virou dor de cabeça. "Nós não somos contra a cana, mas está acontecendo um calote", comentou o produtor rural, Romes Gouveia Bastos.
Romes Gouveia arrendou terras para uma usina, mas já entrou na Justiça para tentar recebê-las de volta por conta da falta de pagamento. "Até a dívida de 2010 foi negociado que pagariam 20% e outros 80% em até 10 anos. Isso na recuperação judicial. E agora em 2011 e 2012, como eles não estão pagando, estão tentando uma nova recuperação judicial e que os produtores não concordam", disse Bastos.
A situação também atinge os trabalhadores contratados pelas usinas. A suspeita é de que muitos estejam há dois meses sem receber e chegaram até a bloquear um trecho da BR-365 para protestar.
Diante da falta de pagamento, a inadimplência chegou ao comércio de Ituiutaba e alguns empresários falam em demissões. Esta seria a pior crise enfrentada nos últimos anos, conforme a presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sincovi), Vera Lúcia de Freitas. "A orientação que queremos passar para os lojistas de Ituiutaba é que quando foram cobrar, os produtores não estão pagando porque não querem e sim por um problema causado pelo empregador. Fazemos apelo aos empresários locais que deem vaga para esses produtores", concluiu, Freitas.