Parlamentares creditam a baixa frequência às eleições, convenções partidárias e falta de matérias polêmicas
"Estou há 22 anos na Assembleia e nunca vi isso". O comentário é do deputado Fernando Hugo (PSDB) sobre o esvaziamento no plenário da Assembleia Legislativa nos últimos meses. Está se tornando comum a sessão ordinária ter a participação de apenas dois parlamentares, o que preside a sessão e o orador. Para alguns deputados, a eleição deste ano é um dos motivos para a pouca participação dos parlamentares durante as sessões.
Na opinião de Fernando Hugo, seria essencial que a Mesa Diretora e o Colégio de Líderes se reunissem e definissem um novo calendário de atividades da Casa para o período pré-eleitoral. Conforme o tucano, uma boa alternativa é diminuir o número de sessões de quatro para duas durante a semana, a partir de agosto, quando os parlamentares retornam do recesso.
Segundo o deputado, a partir desse "esforço concentrado", não haveria prejuízo para os trabalhos legislativos, como votação de matérias, destacando que essa prática é comum em época de eleição.
Quórum
Na avaliação do parlamentar tucano, se não for adotado um sistema diferenciado para os meses que se aproximam do dia da eleição, em outubro próximo, devido ao grande número de deputados que estão dando apoio às suas bases eleitorais no Interior, corre o risco de não haver sessão por falta de quórum
O primeiro vice-presidente do Legislativo estadual, deputado José Sarto (PSB), alega que esse esvaziamento da Assembleia é por conta do período de convenções em que os partidos terão de decidir, em todos os municípios, se terão candidatos a prefeito, com quem irão se coligar e quem fará parte da chapa para vereador.
Apesar de a maioria dos deputados não estar cotada para participar das eleições deste ano, Sarto deixa claro que muitos estão dando apoio aos seus grupos políticos. "Estamos na iminência de decidir as candidaturas. Estou acompanhando (as decisões pré-eleitorais) em 16 municípios. Isso requer tempo para as bases e para os grupos", alega.
Segundo Sarto, mesmo quando está na Assembleia, ele se divide entre as tarefas da Casa e as questões eleitorais, destacando que sempre está recebendo lideranças e prefeitos. "A maioria (dos deputados) fica despachando dos gabinetes", pontua.
Mudança
Assim como Fernando Hugo, Sarto pondera ser comum a adoção de um novo ritmo de trabalho na Assembleia nos anos em que há eleição, destacando também a mudança de quatro para duas sessões semanais. Entretanto, ele acredita que após as convenções, haverá maior participação dos deputados no plenário.
Já para o deputado Welington Landim (PSB), além do período pré-eleitoral, outras questões contribuem para diminuir a presença de deputados durante as sessões, como a falta de matérias polêmicas em discussão. Ele examina que, com a volta dos deputados titulares que estavam exercendo a função de secretários do Governo, os debates em plenário possam se intensificar.