Talita sofreu com sialorreia — Foto: Reprodução/TikTok
Talita grávida — Foto: Arquivo pessoal
Por Amanda Moraes 18/11/2025
Talita Antoniassi Buzzi, de São Paulo, começou a ter um sintoma inusitado da gravidez: a produção excessiva de saliva. "Cheguei a usar oito toalhas de rosto por dia", diz, em entrevista exclusiva à CRESCER. Saiba mais!
Enjoo, cansaço, dor nas costas... Todo mundo conhece os sintomas clássicos da gravidez. Mas, já ouviu falar da sialorreia? Também conhecida como ptialismo gravídico, é a produção excessiva de saliva durante a gestação. Embora não seja muito comum, pode surgir principalmente no primeiro trimestre, geralmente associado à náusea. A publicitária Talita Antoniassi Buzzi, 38, de São Paulo, foi pega de surpresa quando começou a apresentar este sintoma inusitado. "Não sabia nem que existia", diz, em entrevista exclusiva à CRESCER.
Segundo ela, a sialorreia começou com 10 semanas de gravidez. "Fiquei desesperada, porque nunca tinha ouvido falar. Minha médica me avisou que era da gestação, que os hormônios podiam afetar as glândulas salivares", conta. Na mesma época, ela também teve hiperêmese gravídica - forma grave e persistente de náuseas e vômitos - que pode contribuir para o surgimento do sintoma.
A publicitária afirma que a sialorreia atrapalha muito seu dia a dia. "Tenho que ficar com algo na boca, como um chiclete, para não babar ou cuspir. A noite para dormir é pior, pois não posso usar o chiclete, então fico com uma toalha a boca para não acordar toda molhada. No começo, usei copos descartáveis como cuspidor, mas piorava os enjoos. Cheguei a usar oito toalhas de rosto por dia antes de descobrir o chiclete e as balas", conta.
'Acho que vai até o final da gestação'
Talita procurou diversos especialistas, pois sentia que a sua rotina estava sendo muito prejudicada. "Conversei com médicos, obstetras, enfermeiras e muitos profissionais", conta. Embora não exista um remédio indicado para grávidas para tratar este sintoma, ela recebeu algumas recomendações para conter a salivação, incluindo até sessões de acupuntura.
"Fui orientada pelos profissionais a não comer derivados de leite, frituras e alimentos pesados, pois pioram a salivação. Disseram para usar balas de limão, menta sem açúcar ou chiclete sem açúcar - esse último tem me salvado", conta.
As medidas têm ajudado, mas o sintoma continua. "Não foi temporário. Estou de 22 semanas e ainda com a sialorreia e acho que vai até o final da gestação", conta. A hiperêmese gravídica, por outro lado, finalmente parou recentemente. Agora, ela se prepara para a chegada do pequeno Enzo, prevista para 21 de março de 2026.
'Pouco se fala sobre isso'
Talita resolveu postar um vídeo contando sobre a sua experiência com a sialorreia e viralizou nas redes sociais, alcançando mais de 1,3 milhão de visualizações. A publicitária se surpreendeu com a repercussão e descobriu que não era a única com o sintoma. "Não imaginava que o vídeo iria viralizar. Fiquei chocada. Muitas mulheres tiveram ou têm isso. Eu já achava que era só eu e, pelo contrário, me surpreendi com a quantidade de mulheres", afirma.
"Muitas nem sabiam o que tiveram, isso porque muitos médicos nem sabem o que é, ou não ex-plicam direito sobre o assunto. Na verdade, pouco se fala sobre. Eu nunca tinha ouvido falar. Me senti acolhida, já que não sou só eu que estou passando por isso", acrescenta.
Desde então, ela tem falado mais sobre o assunto e respondido perguntas dos seguidores em relação à sialorreia. "Minha intenção ao postar sobre é informar e ajudar essas mulheres, já que eu não encontrei muita informação sobre o tema. Acredito que os profissionais de saúde precisam informar mais essas gestantes sobre o assunto e dar mais suporte nesse quesito. Minha obstetra me deu esse suporte, graças a Deus", finaliza.
O que é sialorreia na gravidez?
A sialorreia na gestação, também chamada de ptialismo gravídico, é a produção excessiva de saliva e costuma aparecer principalmente no primeiro trimestre. Nesse período, pode ocorrer um aumento significativo da produção salivar, que normalmente varia de 0,5 a 1,5 litro por dia, chegando a até 2 litros diários em alguns casos.
É frequentemente associada à náusea, aos episódios de êmese e à hiperêmese gravídica, porque muitas gestantes, ao sentirem náuseas intensas, passam a ter dificuldade de engolir a saliva. Esse acúmulo pode gerar bastante incômodo: as glândulas salivares podem ficar aumentadas e sensí-veis, e algumas mulheres relatam até dificuldade para dormir devido ao excesso de secreção oral.
Acredita-se que as alterações hormonais típicas do início da gestação, especialmente o aumento de beta hCG e estrogênio, desempenhem um papel importante, modificando o funcionamento das glândulas salivares e estimulando uma produção maior.
Apesar de desconfortável, a boa notícia é que se trata de um quadro benigno e temporário. Na maioria das vezes, melhora espontaneamente no segundo trimestre ou com o controle adequado da náusea.
Existe tratamento?
Para aliviar os sintomas, podem ser utilizadas algumas estratégias, como o tratamento das ême-ses com antieméticos - medicamentos usados para prevenir ou tratar náuseas e vômitos - segu-ros na gestação, além de acupuntura e do uso de gengibre, que ajuda especialmente quando a sialorreia está associada à náusea. Também é útil evitar alimentos que estimulem a produção de saliva, como os muito cítricos, ácidos ou condimentados, especialmente entre as gestantes mais sintomáticas.
Vale lembrar que, quando o ptialismo está associado à hiperêmese gravídica, algumas pacientes podem necessitar de internação para hidratação venosa, reposição eletrolítica e controle mais intensivo da náusea. O suporte hospitalar é essencial para prevenir complicações maternas e garantir adequada ingestão nutricional.
Fonte: Aline de Melo Feitosa, obstetra e coordenadora da Semi-Intensiva da Maternidade Star.
https://revistacrescer.globo.com/maes-e-pais/historias/noticia/2025/11/publicitaria-relata-sialorreia-na-gravidez-nem-sabia-que-existia-voce-sabe-o-que-e.ghtml