Rita Batista responde Questionário do Prazer de Marie Claire, em que se abre sobre sexo, orgasmo, prazer e autoconhecimento — Foto: Thiago Rosarí
A jornalista e apresentadora do É De Casa responde ao Questionário do Prazer de Marie Claire. Ela se abre sobre autodescobertas, os sinais que o corpo dá quando ela está afim de alguém e o que gosta de ouvir numa transa: 'Tem música que a gente faz com nossos corpos'
Por Camila Cetrone, redação Marie Claire — São Paulo (SP) - 06/09/2025
O primeiro orgasmo de Rita Batista veio aos 25 anos (ou “perto disso”). Por mais que já fosse ativa sexualmente desde a adolescência, a jornalista e apresentadora do programa É De Casa, que marca as manhãs de sábado da TV Globo, contou que levou todo esse tempo para “chegar lá” por muitas razões.
“O orgasmo não depende do parceiro ou da parceira. Depende mais de você, de descobrir e entender seu corpo. Tive ótimas relações sexuais antes desse orgasmo validador do meu prazer. Aos poucos, fui me desobrigando de vários ensinamentos”, conta ao responder o Questionário do Prazer, de Marie Claire. Hoje, aos 46, se sente mais liberta do que quando começou a transar, aos 15.
Em 2003, desenvolveu na rádio do Grupo Metrópole o programa Rita Para Maiores, em que falava de sexo e prazer abertamente. Mais de 20 anos depois, ela retoma o projeto, dessa vez em formato digital: o Rita Para Maiores passou a ser uma série de vídeos em seus perfis no TikTok e Instagram — em que soma mais de 7 milhões de seguidores.
Foi a forma que encontrou tanto para expressar seus desejos quanto para naturalizar o “falar de sexo” — sobretudo para as mulheres. Nos próprios conteúdos, bem como em participações em podcasts e programas de TV, já se abriu sobre relações que teve com outras mulheres e se declarou sapiossexual e demissexual.
A seguir, Rita Batista se abre sobre prazer, intimidade e autodescoberta em 10 perguntas, em que revela de que forma encara o sexo e como, com o passar do tempo, passou a se “desobrigar” de padrões sociais para aproveitar entre quatro paredes.
MARIE CLAIRE Quando você se sente sexy?
RITA BATISTA Ah, é quando eu tô nua. Mas não é um nua despida, sem roupa. É quando eu tô verdadeiramente disposta e disponível, sabe? Descaracterizada de alguma persona que eu tenho que desenvolver no dia a dia. E as pessoas também acham, viu?
MC Com qual idade teve o seu primeiro orgasmo? Conte como foi.
RB Idade eu não sei, mas foi ali perto dos 25. Comecei a transar aos 15, e até uns 20 e pouco achava que já tinha tido um orgasmo. Mas fui me descobrindo. Acho que o orgasmo não depende do parceiro ou da parceira. Depende mais de você, de descobrir e entender seu corpo, de ver você mesma como realmente é. Tive ótimas relações sexuais antes desse orgasmo validador do meu prazer, já era uma mulher madura, tinha terminado a faculdade… Acho que, até aos 30, a mulher se sente obrigada a várias coisas. Então, fui me desobrigando de vários ensinamentos — principalmente dos scripts do sexo heterossexual, que diz que tem que fazer assim, chegar as-sado, beijar, chupar... Aqueles manuais das revistas ditas femininas da década de 1980 e 1990. A gente foi muito doutrinada por isso. “Não sei quantas maneiras de enlouquecer o seu homem na cama.” Isso é muito bom para vender revista, mas na prática é um pouquinho diferente.
MC Em que lugar do corpo você mais gosta de ser tocada e por quê?
RB No bolso (risos). Ah, acho que na nuca, nos pés, na parte interna da coxa, barriga, costas... Peito é matador, se souber tocar. Clitóris é bom também, afinal foi feito para isso: ser tocado, massageado, friccionado. Ele não é só o que a gente vê ou o que sabemos que existe para fora.
Rita Batista responde Questionário do Prazer de Marie Claire, em que se abre sobre sexo, orgasmo, prazer e autoconhecimento
MC O que para você não funciona de jeito nenhum no sexo?
RB O roteiro. Acho que os moços aprenderam que tem que ter um script com a pornografia, a heteronormatividade e o machismo. Eles chegam, beijam, depois vão para o pescoço, o peito, a barriga. Depois masturbam. Mal, inclusive. Porque não sabem o que fazer direito com os dedos, acha que tem que esfregar, fazer quase uma limpeza quase com bucha de prato. Falta sutileza, delicadeza. Não é o explícito, sabe? É a sugestão, é perceber a outra pessoa, independentemente se é num sexo heterossexual ou homossexual. Então sem pressa, minha gente. É comendo pelas beiradas! Calma, não vai ficar frio, não. Só esquenta mais.
MC Quantos anos você tinha quando a masturbação entrou na sua vida e como ela apare-ce na sua rotina hoje?
RB A masturbação entrou na minha vida quando eu era jovem, mas não lembro ao certo a ida-de. Lembro que tinha toda uma repressão e cuidados em torno, como de orientarem a fechar a perna, a não pôr a mão "lá". Depois que fui me entendendo e me descobrindo nesse sentido. A masturbação faz parte da minha rotina, do meu dia a dia, independentemente do meu relaciona-mento.
MC Qual é a sua música preferida para transar?
RB Sabe que outro dia eu tava pensando nisso? Não tenho uma playlist para transar. Gosto do silêncio, de ouvir o que a atividade sexual vai trazer também. Tem música que a gente faz com nossos corpos. Mas… Djavan é matador. Djavan devia fazer músicas para transar. Emílio Santi-ago também, porque sou completamente apaixonada por ele. E a rainha Sade, né?
MC Qual é o sinal que seu corpo te dá quando você está com tesão em alguém?
RB Uma gargalhada. O moço vai saber se quero transar com ele. E eu tô bem tesão com uma pessoa ultimamente…
MC Existe alguma ideia sobre sexo que você acreditava e que mudou com o tempo?
RB De que o prazer depende da performance do outro. Ele complementa, mas o prazer tá na sua cabeça.Tem o cerebelo, epidídimo e outras partes do cérebro trabalhando para que haja essa conexão consigo. E o outro ou a outra vem para complementar, trocar e brincar junto. Sexo é um jogo bom. Não tem competição. Todo mundo entra ganhando. A gente só junta os prêmios.
MC Já viveu um silêncio desconfortável depois de transar? O que ele dizia?
RB Já. Foi desagradável. E isso foi dito depois. Silêncio também comunica que não foi por vontade genuína. Foi por uma situação que levou a isso. Porque às vezes você não precisa nem transar com a pessoa, às vezes tá tudo muito bom… até aquele ponto. E não é aquele o dia de transar. E às vezes você pensa: “Ah, mas a oportunidade chegou ali. Será que não vai ter outro dia? Será que não vai ter outra chance?” E se não tiver outra chance, talvez seja porque não deveria ter. Então teve esse silêncio, sim. Foi uma merda. Mas passou.
MC Se a sua sexualidade fosse um lugar, qual seria?
RB Um lugar de calma. Seria a quinta praia em Morro de São Paulo. Porque é lento, profundo, misterioso, paradisíaco e surpreendente.
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