Prata no Mundial reforça desejo do conjunto brasileiro por medalha olímpica: "Buscamos sempre mais"

Vamos seguir trabalhando, porque ainda queremos um ouro, depois três ouros, uma medalha olímpica

Ginastas do Brasil celebram conquista da medalha de prata no Mundial do Rio de Janeiro — Foto: André Durão

Após anos de busca por pódio conquistado no sábado, atletas prometem trabalho duro para aumentar coleção de conquistas

Por Lucas Espogeiro — Rio de Janeiro - 24/08/2025 

Histórico! Meninas do Brasil conquistam medalha inédita no Mundial de ginástica rítmica

A prata conquistada no Rio de Janeiro, no sábado (23), coroou um trabalho de anos da seleção brasileira de conjunto. A equipe vinha em uma crescente notável, batendo na trave em Mundiais de ginástica rítmica – um quarto lugar nos cinco arcos em Sófia 2022 e outro em Valência 2023. Por isso, é natural que as atletas tenham um sentimento de dever cumprido com o pódio na prova geral, mas engana-se quem pensa que elas já estão satisfeitas. Querem mais, com direito a medalha em Olimpíadas.

– Vamos seguir trabalhando, porque ainda queremos um ouro, depois três ouros, uma medalha olímpica. Nosso esporte é de muita perfeição. Também somos esse tipo de pessoa que busca sempre mais. Com ou sem a medalha no peito, trabalharemos muito para o próximo objetivo – garantiu Duda Arakaki, capitã do conjunto, que ganhou coro da colega Sofia Madeira:

– A partir daqui, é seguir trabalhando firme, com o time unido, todas juntas, focadas – disse a ginasta. 

O sonho de uma medalha olímpica, citado por Duda, parecia acessível no ano passado, em Paris. Porém, uma lesão de Victoria Borges, então titular do conjunto, mudou os planos, e a equipe brasileira não conseguiu avançar à final.

– (As Olimpíadas de Paris) Foram o momento mais desafiador das nossas carreiras. Depois que voltamos para casa, descansamos, as meninas resolveram continuar no esporte. O Campeonato Mundial nos serviu de motivação para acreditar que nossa hora ia chegar. Trabalhamos duro todos os dias. Essa resiliência fez com que nos fortalecêssemos e víssemos onde poderíamos melhorar – relembrou Camila Ferezin, técnica da seleção brasileira.

Por enquanto, os próximos Jogos Olímpicos (Los Angeles 2028) ainda são uma meta distante. O conjunto brasileiro tem um outro objetivo mais imediato, a horas de distância. Neste domingo (24), a equipe voltará à Arena Carioca 1 para as finais por aparelhos. Duas novas oportunidades de medalhas para quem viu como é bom subir ao pódio de um Mundial.

Conjunto brasileiro com a medalha de prata no Mundial de ginástica rítmica — Foto: André Durão

Apresentação do Brasil no conjunto misto ao som de "Evidências"

Apresentação brasileira na série de cinco fitas

As meninas do Brasil apresentação da série mista no Mundial de ginástica rítmica — Foto: André Durão

O curto intervalo entre a prata e a busca por novas conquistas é um desafio. Quando Duda, Sofia, Nicole Pircio, Mariana Gonçalves e Maria Paula Caminha concediam entrevista coletiva, logo após a cerimônia de pódio do sábado, restavam cerca de 14 horas até as finais dos aparelhos.

– A adrenalina está lá em cima, mas somos treinadas para isso. Nós nos preparamos para sábado e domingo. Foi o primeiro Mundial em que conseguimos duas finais (de aparelhos). Chegando ao hotel, não tem rede social, nem nada. É colocar a cabeça no travesseiro, descansar e ficar zeradas para que façamos séries melhores ainda – afirmou Nicole.

As decisões por aparelhos do Mundial do Rio de Janeiro serão transmitidas pelo sportv2 e terão acompanhamento em tempo real do ge, a partir de 11h (de Brasília). O conjunto entrará em ação às 12h50 para a final das cinco fitas. Depois, voltará à quadra às 15h50, em busca da medalha na série mista, com três bolas e dois arcos.

Exercícios de força ajudaram na preparação

Assim como as ginastas do conjunto, a técnica Camila Ferezin não escondeu a felicidade pela conquista da prata na prova geral. À frente da seleção desde 2011, Camila é ex-atleta de ginástica rítmica e participou de uma final olímpica, em Sydney 2000. Trabalhou com muitas atletas que sonharam, mas não conseguiram subir a um pódio de Mundial.

– É muito bom ver o sonho realizado depois de tantos anos de trabalho. Foram gerações e gerações. Algumas delas estavam aqui, nos assistindo das arquibancadas. O estágio atual é o maior nível de performance que o Brasil alcançou até hoje. Merecemos um momento tão especial assim, depois de tanta dedicação. Confesso que fiquei bastante apreensiva (quando foi definido que o Mundial aconteceria no Rio de Janeiro), porque era a chance das nossas vidas. Graças a Deus, com muito trabalho, conseguimos o pódio – comentou a treinadora.

Camila também revelou algumas estratégias adotadas na preparação do conjunto brasileiro, especialmente para aumentar a força das atletas. A comissão técnica deixou os aparelhos mais pesados nos treinos.

– Encontramos uma fita fabricada no Japão que tem o peso de duas. As ginastas treinaram com uma caneleira de 250 gramas. Colocamos dois arcos encapados juntinhos para que as meninas desenvolvessem força e conseguissem, depois de tirar esses pesos, fazer os exercícios com mais facilidade. Também usamos uma bola mais pesada para estimular o lançamento do aparelho – relatou a técnica.

Outra integrante da comissão do conjunto, a coreógrafa Bruna Martins resumiu o sentimento de realização após as boas apresentações no Mundial:

– Melhoramos as nossas ginastas como atletas. O que o público pôde acompanhar nas séries foi a energia do povo brasileiro. O que temos de melhor é a nossa alegria, o nosso sorriso. O Rio de Janeiro exala isso. Tomamos como compromisso representar o nosso povo, a nossa história, a nossa cultura. Isso é Brasil. 

Confira a programação de domingo

• 11h-11h35 – Individual – Final – arco

• 11h40-12h15 – Individual – Final – bola

• 12h50-13h35 – Conjunto – Final – 5 fitas - BRASIL

• 14h-14h35 – Individual – Final – maças

• 14h40-15h15 – Individual – Final – fita

• 15h50-16h35 – Conjunto – Final – 3 bolas/2 arcos - BRASIL

https://ge.globo.com/ginastica-ritmica/noticia/2025/08/24/prata-no-mundial-reforca-desejo-do-conjunto-brasileiro-por-medalha-olimpica-buscamos-sempre-mais.ghtm