Presidentes do Brasil, Lula, e dos EUA, Donald Trump — Foto: Alan Santos/PR e Gustavo Moreno/STF
O tema foi levado para pauta como sugestão do Brasil. O discurso foi feito pelo Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough.
Por Redação 23/07/2025
O Brasil fez críticas diretas na Organização Mundial do Comércio nesta quarta-feira (23) sobre as tarifas como forma de ameaça e coerção, além de movimentos que atentam contra a soberania nacional. Com as falas, sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o país recebeu apoio de outros 40, entre eles do Brics, UE e Canadá.
O tema foi levado para pauta como sugestão do Brasil. O discurso foi feito pelo Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough. Ele afirmou que as negociações como 'jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra'.
'Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas em forma de caos estão desestruturan-do as cadeias globais de valor e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação', comentou o embaixador.
O Brasil defende que essas medidas são uma 'violação flagrante dos princípios fundamentais da OMC'
Gough também criticou que, além das questões comerciais, outra preocupação é do uso de tarifas para interferência nos assuntos internos
'Como uma democracia estável, o Brasil tem firmemente enraizados em nossa sociedade princípios como o Estado de Direito, a separação de poderes, o respeito às normas in-ternacionais e crença na solução pacífica de controvérsias', disse.
Mesmo sem citar diretamente os Estados Unidos ou o presidente Donald Trump, a delegação americana presente rebateu. A diplomacia dos EUA não citou também o Brasil ou a briga direta com o STF, mas afirmou que estava preocupada com 'os trabalhadores e as empresas norte-americanas serem forçados a competir em condições desiguais com os países que não estão seguindo as regras e as disciplinas com as quais concordaram ao se tornarem membros dessa instituição'.
Países assinam acordo com EUA
Em meio a indefinição sobre a taxa de 50% sobre produtos brasileiros, esperada para iniciar a partir do dia 1º de agosto, diversos outros países já realizaram acordos comerciais com os Esta-dos Unidos para reduzir as tarifas que serão implementadas.
Os casos mais recentes, anunciados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nessa terça-feira (22) estão o Japão, que viu as taxas ficarem em 15% (10 pontos percentuais menor do que o número inicialmente proposto), e Filipinas, na qual teve a taxa estabelecida em 19% (1% menor do que a primeira).
A Casa Branca afirma que já fechou acordos comerciais com outros países para as tarifas. Veja quais são e qual o valor:
• Reino Unido - 10%, além da redução da cobrança de taxas em produtos como aço e carne;
• Vietnã - 20%;
• Indonésia - 19%, além da isenção de tarifas sobre bens dos EUA;
• China (preliminar) - 30%, mas novas rodadas de negociação ainda são esperadas;
• Japão - 15%;
• Filipinas - 19%.
Desses todos, a China é a única que chegou a apresentar uma retaliação direta, algo que foi negociado posteriormente. Todos os outros tiveram conversas diretas.
O país chegou a ter até 145% de tarifas em um determinado momento e contra-atacou com tarifas cada vez maiores contra os EUA. Houve uma negociação, no entanto, e as tarifas abaixaram de ambos os lados, sem, por enquanto, abertura para um novo aumento.
Entre outros países que ameaçaram retaliação caso as taxas entrem em vigor em agosto estão todo o bloco da União Europeia e o Canadá, além do Brasil, que já admitiu o estabelecimento de tarifas recíprocas de 50%.
https://cbn.globo.com/economia/noticia/2025/07/23/na-omc-brasil-critica-tarifas-sem-citar-trump-e-recebe-apoio-de-cerca-de-40-paises.ghtml