Por que mães e mulheres em idade fértil estão tendo mais câncer?

Na população mais nova, incluem câncer de mama, câncer colorretal e câncer de pulmão em não fumantes.

Câncer tem afetado pessoas mais jovens, como mulheres em idade fértil — Foto: Freepik 

Por Vanessa Lima - 13/07/2025 

O número crescente de jovens, entre eles, mulheres e mães, enfrentando diagnósticos e mortes por câncer acende um alerta sobre prevenção e autocuidado. Entenda quais hábitos e exames são importantes para diminuir os riscos

O câncer é uma doença prevalente em uma população mais velha e, na maioria dos casos, aparece depois dos 60 anos. No entanto, os últimos estudos têm mostrado mudanças preocupantes.

Uma pesquisa conduzida conduzida por uma equipe internacional de cientistas e publicada no periódico científico BMJ Oncology mostrou que, entre 1990 e 2019, o número de casos de câncer em pessoas mais jovens, com menos de 50 anos, deu um salto enorme, aumentando 79,1%. Entre essas pessoas, estão mães de crianças pequenas e mulheres jovens, em idade reprodutiva.

Para o oncologista Carlos Gil, presidente do Instituto Oncoclínicas (SP), a maioria dos casos, na população mais nova, incluem câncer de mama, câncer colorretal e câncer de pulmão em não fumantes. “Estes são os principais, sendo que a grande prevalência, de fato, na população jovem em idade fértil é a do câncer de mama”, afirma o especialista.

Evitar o câncer: é possível?

O câncer é uma doença multifatorial, ou seja, está associada a diversas causas. Por isso, não é possível afirmar que, seguindo medidas específicas de prevenção, dá para eliminar totalmente as chances de desenvolver tumores.

Mas, com alguns cuidados, há como reduzi-las. Em geral, segundo o oncologista, 10% dos casos de câncer em jovens têm causas hereditárias, ou seja, há uma predisposição genética, herdada dos pais. Enquanto isso, 90% são originados de fatores ambientais, externos ao corpo.

“Existem fatores ambientais, como a obesidade, dietas ricas em gorduras, sedentarismo, que, de fato, levam ao aumento da incidência nessa população”, ressalta Gil. “Provavelmente, existem outros fatores também ambientais, ainda pouco conhecidos, mas essa é a base do aumento dessa incidência”, acrescenta.

Apesar de os números serem bastante variáveis, de acordo com o tipo de câncer e da população, a prevenção é possível – e começa cedo.

“Trata-se de um processo educacional que deve começar na infância e que, com certeza, pode impactar em uma redução de incidência lá na frente”, afirma o oncologista. Para isso, é importante:

• Evitar ou combater diretamente a obesidade.

• Ter hábitos alimentares saudáveis, com dietas ricas em fibras, frutas, vegetais, com um baixo teor de gordura.

• Praticar exercícios físicos.

• Evitar hábitos nocivos, como tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.

• Realização de rastreios para descoberta e intervenção precoce, como o Papanicolau, mamografia e ultrassom, nas faixas etárias indicadas.

• No caso do câncer de colo de útero, existe a vacina contra o HPV, como medida de pre-venção.

Uma mudança no olhar

Além da educação das pessoas sobre prevenção e exames importantes para o diagnóstico precoce, Carlos Gil acredita que, diante do aumento da incidência em pessoas mais jovens, pode ser necessário atualizar as recomendações.

Ele aponta que, nem no Brasil, nem em outros lugares do mundo, existe, por exemplo, a indica-ção de colonoscopia para rastreamento de câncer de cólon, para a população jovem, entre 20 e 40 anos. “Esses indivíduos não fazem parte dos dados fortemente gerados que implementam as campanhas de prevenção. Entender as causas do aumento da incidência é muito importante para que se possa, dependendo da situação, propor mudanças em relação à estratégia de prevenção ou de diagnóstico precoce”, defende.

Ele também destaca que sintomas persistentes devem ser investigados seriamente. “Não podemos descartar a possibilidade de se tratar de um câncer mesmo numa população que, teoricamente, não estaria na faixa etária de maior incidência”, completa.

https://revistacrescer.globo.com/maes-e-pais/saude-bem-estar/noticia/2025/07/por-que-maes-e-mulheres-em-idade-fertil-estao-tendo-mais-cancer.ghtml