Keno comemora gol em Fluminense x Ulsan HD — Foto: Getty Images
Renato muda pneu com carro em movimento e virada foi possível contra o Ulsan. Mas falta de concentração e intensidade vistas podem ser problemas sérios contra o Mamelo-di ou num possível mata-mata
Por Marcello Neves — Nova Iorque, EUA - 22/06/2025
Copa do Mundo de Clubes cobra nível de concentração. Diante do Borussia Dortmund, a atuação do Fluminense foi tão boa que se lamentou o empate. Nesta vitória por 4 a 2 sobre o Ulsan, a impressão é que o Tricolor passou por um sufoco desnecessário por ter relaxado cedo demais. O objetivo foi cumprido, claro. Venceu e virou líder do Grupo F, mas os erros cometidos ligam o alerta porque podem custar caro contra o Mamelodi Sundows ou num possível mata-mata.
Independentemente de o Ulsan ser um clube sul-coreano e não ter o mesmo peso de Fluminense ou Borussia Dortmund, estamos numa Copa do Mundo de Clubes. Subestimar adversários tem sido o maior problema desta competição. Aconteceu, de certo modo, no MetLife Stadium. Inicialmente, o nível de atenção dos comandados de Renato Gaúcho esteve alto. Mas, ao abrir o placar cedo, relaxou. A ponto de se colocar num buraco e ter que suar para sair.
Tudo que se elogiou contra o Borussia Dortmund pareceu faltar contra o Ulsan. Aquela equipe intensa, inteligente e focada que se viu contra os alemães deu lugar a um time disperso, mal taticamente e que levou uma virada improvável do adversário mais fraco do grupo. Não dá para ignorar o buraco em que o Tricolor conseguiu se meter durante bons minutos da partida.
De positivo, é possível elogiar a resiliência desta equipe. Renato Gaúcho conseguiu corrigir a rota de sua escalação dentro de campo e abafou os sul-coreanos até conseguir a virada. Não foi fácil, mas o Fluminense mostrou jogo de cintura para se segurar no pior momento da partida e qualida-de suficiente para conseguir o bom resultado. Ainda assim, não vai ganhar parabéns hoje.
A vitória transforma o jogo contra o Mamelodi Sundows num mata-mata. Os sul-africanos foram finalistas da Champions África e são uma equipe muito mais técnica e inteligente do que o Ulsan. Se jogar como contra o Borussia Dortmund, deve vencer. Se cometer tantos erros como foi con-tra o Ulsan, coloca a classificação em risco.
Como foi o jogo?
A escolha de Renato Gaúcho por escalar Paulo Henrique Ganso e Germán Cano foi justificada pela necessidade de furar a defesa do Ulsan. No início, pareceu dar certo. Os sul-coreanos, natural-mente fechados com duas linhas de quatro, mantiveram o mesmo padrão de jogo visto contra o Mamelodi Sundows. A pressão inicial gerou cinco finalizações em três minutos, mas logo a marcação adversário encaixou.
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O gol de falta de Jhon Arias amenizou um problema que estava se desenhando: se o Fluminense tinha a bola, também ficava exposto quando a perdia. O colombiano abriu o placar no exato momento em que o Ulsan já dava sinais de ter encontrado um caminho nos contra-ataques. Isso pode ter colaborado com a falta de atenção defensiva que viria depois.
Ao optar por Ganso, que fez um jogo abaixo em desempenho, o time perdeu a pegada vista contra o Borussia Dortmund e ficou mais exposto no meio-campo. Não que o Ulsan tenha feito uma partida incrível, mas bastaram duas descidas para virar o placar. Primeiramente, no contra-ataque que citamos estar encaixado. No cruzamento da esquerda, Fábio não conseguiu tocar nela e Lee Jin-Hyun completou para as redes.
O gol da virada é ainda mais inacreditável. Guga cobrou lateral quase no meio-campo e o Fluminense perdeu a posse na sequência. O Ulsan chegou pela esquerda até a área com facilidade, Guga dividiu e Freytes tirou mal. Jin-Hyun aproveitou ter ainda mais liberdade para cruzar pela esquerda e Um Won-Sang fez o peixinho sozinho — em meio a cinco jogadores do Tricolor.
No intervalo, as trocas de Renato Gaúcho demoraram a encaixar, mas deram certo no final. Com Ganso, o Fluminense já sofria no meio-campo por ter menos combatividade. Sem ele, piorou porque a escolha foi por Everaldo e atuar com dois centroavantes. Pareceu que foi para o tudo ou nada com 45 minutos por jogar.
Com o meio-campo ainda mais exposto, o Ulsan dominou o setor e teve duas oportunidades cla-ras para marcar o terceiro e decidir a partida. Na primeira, parou em Fábio. Na segunda, chutou na rede pelo lado de fora.
Após os sustos, o Fluminense cresceu, aliado as as entradas de Keno e Nonato. A dupla mudou o jogo no segundo tempo e conseguiu empurrar os sul-coreanos para trás. Ao se estabilizar na partida, encontrou uma forma de matar o contra-ataque do adversário e foi questão de tempo para conseguir a virada.
Keno, inclusive, participa dos três gols que viriam a seguir. No primeiro, iniciou a jogada que foi concluída em bela finalização de Nonato. Depois, fez o cruzamento que obrigou o goleiro a sair mal do gol e Cano chutar de canela para Freytes completar. No fim, foi premiado pela boa jogada de Arias e deixou a sua marca.
Mas ainda não acabou. Após vitória sobre o Ulsan, Tricolor precisa pontuar contra o Mamelodi Sundowns para se classificar sem depender do resultado do outro jogo do Grupo F. O jogo será na próxima quarta-feira, no HardRock Stadium, em Miami.
https://ge.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2025/06/22/analise-fluminense-vence-por-ter-resiliencia-mas-comete-erros-que-custam-caro-numa-copa-de-clubes.ghtml