Por um lado, a inflação parece mais bem comportada. Por outro, a incerteza fiscal aflorada pode exigir maiores esforços do BC em forma de mais juros
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Por Laelya Longo e Gustavo Ferreira
, Valor Investe — São Paulo 16/06/2025
Há algumas semanas, o Banco Central (BC) levou a taxa básica de juros (Selic) já ao maior nível desde 2006. Nesta quarta-feira (18), esse patamar já histórico pode ser renovado, com um salto dos atuais 14,75% ao ano aos 15% cravados.
Na última reunião, em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou seu novo passo em aberto. E em declarações de lá para cá, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, veio confirmando essa indecisão. Nessas condições, a bifurcação para a política monetária parece ser a seguinte: ou a Selic sobe mais 0,25 ponto, numa alta esperada como derradeira; ou, simplesmente, se mantém onde já está para, no melhor dos cenários, cair em idos de 2026.
A incógnita veio sendo alimentada pelos fatos.
• Por um lado, as inflações corrente e projetada por analistas estão mais bem compor-tadas. Estabilizarem-se acima dos 5% ao ano. Ainda bem acima da meta de 3% ao ano? Sim, mas, aparentemente, já cedendo ao aperto monetário até aqui.
• Por outro lado, o imbróglio das medidas fiscais do governo leva parte dos agentes de mercado a crer que uma alta adicional seja necessária para brecar desde já efeitos inflacionários futuros. A sensação de risco voltou a se acalorar conforme me-didas foram anunciadas, "desanunciadas" e novamente anunciadas, entre idas e vindas com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e as novas tributações de Imposto de Renda sobre diversos investimentos.
Essa indefinição ficou bem demonstrada nos últimos dias pelo Termômetro do Copom do Valor Investe.
Em 27 de maio, contratos de opções negociados na B3 atribuíam chances de 83% de a Selic não subir mais. Já no dia 6 de junho, a probabilidade era de 69% de, sim, a Selic subir outra vez. No dia 10, o mercado estava quase rigorosamente dividido entre as duas possibilidades. E, um dia depois, voltava a ser majoritária a aposta em nova alta, aos 64%.
Na ata da última reunião, o Copom avaliava que o nível atual dos juros estava levando à desaceleração da atividade econômica. Esse efeito, no entanto, ainda era incipiente, daí a possível necessidade de ajuste adicional. Ainda mais considerando os riscos variados não só na cena local, mas também internacional - com destaque às dúvidas trazidas pelo vaivém de tarifas dos Estados Unidos.
O comunicado que será divulgado na próxima quarta a partir das 18h30. Até lá, o suspense segue.
https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2025/06/16/selic-pode-ir-a-15percent-nesta-semana-maior-nivel-em-quase-duas-decadas.ghtml