Barbara desenvolveu tanatofobia — Foto: Reprodução/Instagram
Por Amanda Moraes 29/05/2025
Barbara Albuquerque, de São Paulo, enfrenta a fobia da morte. "Tenho aumento da frequência cardíaca e crises de choro", disse, em entrevista à CRESCER. Saiba mais sobre a condição e como lidar!
O nascimento de um filho é um momento muito especial na vida das mulheres, mas que também pode vir acompanhado de novos medos. Foi o que aconteceu com a fisioterapeuta Barbara Albuquerque, 27, de Itapetininga, São Paulo. Ela contou, em vídeo viral, que desenvolveu tanatofobia -- medo excessivo e irracional da morte -- após dar à luz. "Depois que você se torna mãe, esse medo instantaneamente é desbloqueado", escreveu ela na legenda.
O vídeo, publicado no fim de março, bombou nas redes sociais, alcançando mais de 1 milhão de visualizações. Nos comentários, muitos internautas compartilharam que também sofrem ou já sofreram de tanatofobia após a chegada dos filhos. "Eu passei por isso agora com a segunda filha, ainda estou no processo", disse uma mãe. "Que bom ler os comentários, eu sofri muito sozinha e calada", afirmou outra. "Como eu queria ser eterna depois de ser mãe", escreveu uma terceira.
Bárbara ficou contente ao ver que seu clipe chegou a tantas pessoas. "Como trabalho com o público de maternidade, sempre expus a minha realidade com o meu filho, tanto de forma pessoal como profissional, e eu quis compartilhar no intuito de realmente acolher mais mães que sofrem da mesma coisas e, com isso, possam se informar melhor sobre o assunto e buscar ajuda também", disse em entrevista à CRESCER.
'Aumento da frequência cardíaca e crises de choro'
A fisioterapeuta explicou que sempre teve medo da morte, mas isso ficou mais intenso depois que seu filho, Bento, 10 meses, nasceu, em 30 de julho de 2024. "Sinto ansiedade quando vejo algo relacionado ao tema, como reportagens, e evito falar sobre. Tenho aumento da frequência cardíaca e crises de choro", destacou.
Ela resolveu buscar ajuda psicológica e foi diagnosticada com tanatofobia. Desde então, segue fazendo acompanhamento com um psicólogo, o que tem ajudado a lidar com a fobia. "Também evito ver conteúdos relacionados a morte e reportagens ruins que envolvem crianças", afirmou.
O que é tanatofobia?
A tanatofobia é o medo excessivo e irracional da morte ou do processo de morrer. "É importante ressaltar que um certo grau de medo da morte é algo normal e até mesmo adaptativo, pois nos ajuda a tomar cuidados e decisões para preservar a nossa vida. No entanto, quando esse medo se torna desproporcional, incontrolável e impacta significativamente a qualidade de vida da pes-soa, caracteriza-se a tanatofobia, uma condição que requer atenção e tratamento", esclareceu Matheus Karounis, psicólogo, mestre em psicologia clínica e professor da PUC-Rio.
Sintomas da tanatofobia
• Preocupação e ansiedade constante sobre a própria morte ou a morte de entes queridos, de forma excessiva e fora de proporção
• Evitação persistente de situações ou discussões relacionadas à morte, mesmo quando isso prejudica a sua vida
• Dificuldade extrema em aceitar a finitude da vida e a inevitabilidade da morte
• Sintomas físicos intensos, como palpitações, sudorese e tremores, quando pensam na morte
• Sensação generalizada de desespero, desesperança e pessimismo em relação à própria mortalidade
É comum desenvolver tanatofobia após ter filhos?
Sim. "A chegada de um filho muitas vezes faz com que os pais fiquem mais conscientes da fragilidade da vida e da possibilidade de perder entes queridos, principalmente mediante ao conhecimento de casos diversos de mortalidade infantil", disse o psicólogo.
Embora seja natural se preocupar com a segurança dos filhos, na tanatofobia esse medo se torna exagerado e desproporcional. "Isso afeta profundamente a vida dos pais, bem como dos filhos que, por isso, encontram-se em uma redoma de superproteção que impede relati-vo desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança", acrescentou.
Como o diagnóstico é feito?
Vale destacar que o diagnóstico da tanatofobia envolve uma avaliação clínica detalhada pelo psi-cólogo ou psiquiatra. "Eles analisam a história do paciente, a natureza e a intensidade dos sintomas, bem como o impacto dessa fobia no funcionamento diário da pessoa, para determinar se o medo da morte está dentro dos limites saudáveis ou se configura um transtorno que requer tratamento", afirmou Matheus Karounis.
Como lidar com a tanatofobia?
É recomendado fazer um acompanhamento com um especialista em saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, para lidar com a tanatofobia. Veja algumas estratégias eficazes, segundo Karounis:
• Técnicas de relaxamento e manejo da ansiedade, para aprender a lidar melhor com os sintomas físicos relacionados ao medo
• Exposição gradual a situações relacionadas à morte, de forma a enfrentar e superar os medos de forma segura e controlada (com auxílio e acompanhamento imprescindível de um profissional)
• Psicoeducação sobre a morte e o processo de luto, para que a pessoa possa compreender melhor esse fenômeno natural
"O tratamento adequado, com o suporte de um profissional de saúde mental, é essencial para que a pessoa possa aprender a lidar de forma saudável com o seu medo da morte, que, embora natural, se tornou excessivo e prejudicial", finalizou o especialista.
https://revistacrescer.globo.com/maes-e-pais/historias/noticia/2025/05/fisioterapeuta-desenvolve-tanatofobia-apos-se-tornar-mae-voce-sabe-o-que-e.ghtml