Namoro dura seis anos e superou transplantes e sessões de hemodiálise.
Gabriela AlvesDo G1 CE
Faltava pouco para Josiene Tomás fazer hemodiálise quando encontrou o namorado Joselito Dantas. Em um restaurante, no dia 12 de julho de 2006, Josiene reconheceu pelos curativos que Joselito também era um paciente renal e resolveu se aproximar para conversar sobre médicos e clínicas.
Os dois se apaixonaram e enfrentaram juntos, “um cuidando do outro”, as sessões de hemodiálise até o transplante de rim. “Quando tem amor, a vida se torna melhor e mais fácil”, diz Josiene depois de seis anos de namoro com Joselito.
“O Joselito foi um anjo que Deus mandou para minha vida. Tudo começou com uma amizade e se tornou amor. Vi nele um porto seguro”, diz Josiene. Com a experiência de 10 anos de sessões de hemodiálise, Joselito deu dicas das melhores clínicas na cidade e, uma semana depois do primeiro encontro, sugeriu um passeio pela cidade quando aconteceu o primeiro beijo. Os dois passaram a fazer as sessões três vezes por semana no mesmo local.
Quando tem amor, a vida se torna melhor e mais fácil
Josiene Tomás
O casal conta que o começo do namoro foi difícil. Além da diferença de idade entre os dois – na época, ela tinha 19 anos e ele, 37 anos -, a família de Josiene achava que ela precisava de alguém “saudável” do lado dela. “As pessoas perguntavam: como pode dar certo? como um vai cuidar do outro? Eu amo viver e ele também. A vida é boa pra nós dois, apesar de tudo que a gente passou”, conta Josiene.
Vida nova
O casal teve de escolher quem seria o primeiro a ser transplantado. Por causa da saúde mais fragilizada, Josiene foi a primeira, em setembro de 2008, no Hospital Geral de Fortaleza(HGF). Joselito lembra o dia que atendeu a ligação do hospital avisando que tinham um doador de rim para ela. “Era um domingo de manhã. Eu não acreditei e me desmanchei de chorar”, diz. Josiene ficou na fila de espera por um órgão por 20 dias.
Os momentos ruins de um paciente renal acabavam indo em dobro para os dois, mas as alegrias, segundo Joselito, são insuperáveis. “Eu sempre fui alto astral. O palhaço do hospital. Via todo dia gente morrendo para a vida e não queria ser assim. Nunca reclamei de nada”, diz.
Após ganhar o novo rim, Josiene disse que ameaçou terminar o namoro com o Joselito se ele não fizesse o transplante também. “Ele sempre me deu muita força, mas era medroso. Ele tinha uma doadora viva e estava com medo”. Depois de dois anos e meio do transplante e da recuperação total da namorada, Joselito também fez a cirurgia.
"O transplante é uma loteria. A gente nunca sabe se vai dar certo ou não, se o organismo vai rejeitar o órgão. Graças a Deus, nos dois, (o transplante) deu certo", comemora Josiene. O casal toma remédios para evitar a rejeição e não precisa mais fazer sessões de hemodíalise.“Agora que a gente saiu dessa prisão, a gente tá aproveitando para curtir a vida. A gente adora viajar”, diz o namorado.
No Dia dos Namorados, os dois planejam comemorar a data e antecipar em um mês o aniversário do primeiro encontro. “A única diferença é que temos que tomar mais cuidados com a alimentação. Somos muito regrados. Não podemos comer tudo. O rim não é para sempre”, diz Josiene. Eles também planejam a vida que ganharam juntos. A jovem quer estudar, trabalhar e os dois, “mais lá para a frente”, pensam em adotar uma criança. “Enquanto a gente tiver feliz, a gente vai estar junto”, afirmam os apaixonados.