Projeto acontece simultaneamente em três estados com ações para melhora da qualidade do ar, a recuperação de áreas degradadas e a proteção de recursos hídricos
Escrito por Beatriz Rabelo e Lucas Falconery , ceara@svm.com.br 15:52 - 01 de Outubro de 2024
Ceará
A possibilidade de desertificação ameaça um território-abrigo para árvores, animais, fontes de água e populações do Ceará, Pernambuco e Piauí: a Chapada do Araripe. Por lá, um grupo atua com a missão de reflorestar uma área de 500 hectares – algo como 500 campos de futebol – com 1,2 milhão de árvores nativas. Essas ações para a conservação da caatinga começaram há dois anos e seguem até 2026.
A primeira metade da iniciativa aconteceu com a mobilização de proprietários formalização de parcerias com nove instituições, capacitações, identificação de 30 propriedades para implantação de agroflorestas e mapeamento de mais de 30 nascentes.
Os recursos para a continuidade do projeto estão garantidos e o grupo atua na região onde desmatamento e as queimadas estão entre os principais problemas ambientais. Isso ligado ao manejo de fogo para uso do solo com finalidade de agricultura ou pastagem. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe possui 972.605,18 hectares.
Considerada a maior bacia sedimentar do interior do Nordeste, a Chapada do Araripe também pode ser chamada de “caixa d’água do semiárido” por causa da abundância de nascentes e pela absorção da água da chuva. A área, inclusive, divide bacias hidrográficas do Jaguaribe ao Norte, do São Francisco ao Sul e do Parnaíba a Oeste.
Legenda: Chapada do Araripe é considerada uma "caixa d´água" pela abundância de nascentes e capacidade de absorção de água - Foto: Candice Ballester/Iphan
Legenda: No processo de reflorestamento, é importante plantar mudas nativas - Foto: Divulgação/Cepan
Legenda: Iniciativa do Cepan busca envolver a comunidade tradicional e agricultores - Foto: Divulgação/Cepan
É nesse contexto que atua a Rede de Conservação e Restauração da Chapada do Araripe, que é uma iniciativa do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), uma organização sem fins lucrativos criada na Universidade Federal de Pernambuco. Para isso, há um apoio do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica para a realização das atividades.
As metas envolvem:
• Restauração florestal de 500 hectares;
• Implantação de 30 sistemas agroflorestais;
• Realização de capacitações;
• Estruturação de mercados locais de sementes e mudas de espécies nativas, entre 2022 e 2026.
O grupo também pretende engajar comunidades tradicionais para as demandas do projeto.
A área da Chapada do Araripe onde há atuação da equipe envolve 15 municípios cearenses, nove em Pernambuco e outros nove no Piauí. A estimativa do grupo é de que mais de 30 mil pessoas sejam beneficiadas de forma direta e indireta.
As propriedades são usadas, principalmente, para a produção de alimentos como mandioca, feijão, milho, pequi e banana. Também há uma atuação forte na pecuária com a criação de bovinos e caprinos. Além disso, alguns se dedicam à apicultura e à produção de soja.
Joaquim Freitas, coordenador da iniciativa, explica que o Cepan já atuou no reflorestamento de 100 hectares na região em 2020 e, em 2022, começou o esforço para atuar na recuperação de uma área ainda maior.
"Agora a gente quer ganhar escala nessas ações de capacitação, principalmente, conseguindo envolver a comunidade tradicional e agricultores no processo de restauração para internalizar essas práticas no dia a dia", avalia.
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/15-cidades-da-chapada-do-araripe-no-ce-terao-areas-reflorestadas-ate-2026-para-conter-crise-do-clima-1.3563961