Especialistas afirmam que exploração de óleo de palma está ligado ao aumento de casos de pessoas engolidas por cobras no país
Por O Globo com agências internacionais — Londres
Em uma vila no interior da Indonésia, uma mulher de 57 anos foi encontrada já sem vida enquanto era engolida por uma píton de cinco metros. O incidente ocorreu em uma plantação de seringueiras onde ela trabalhava, e o responsável por encontrar o corpo de Hapsah foi seu marido, Safri, de 66 anos. O homem achou o animal no momento em que se preparava para engolir totalmente o corpo da vítima.
Safri começou a procurar por Hapsah quando ela não retornou para casa no horário habitual. Ao ouvir um grito de socorro, ele correu até a plantação, onde se deparou com a cobra enrolada ao corpo da esposa. Segundo o relato do policial local, Iptu Usaha Sitepu, a mulher já havia sido morta pela pressão exercida pela cobra antes que seu marido chegasse.
"Ele sabia que ela estava morta", declarou o policial. "Mesmo assim, ele conseguiu puxar a píton e bateu nela até que soltasse o corpo de Hapsah." Após a recuperação do corpo, moradores da vila se uniram para matar a cobra, que foi exibida à comunidade antes de ser enterrada.
Mulher desaparecida é encontrada dentro de cobra píton de nove metros na Indonésia — Foto: Reprodução
Indonésia acumula casos de pessoas devoradas por cobras gigantes — Foto: Reprodução
Moradores ficam ao lado de uma píton de quase 7 metros de comprimento, que foi morta após atacar um homem indonésio no subdistrito de Batang Gansal, na Ilha de Sumatra — Foto: Polícia de Batang Gansal/AFP
Óleo de palma é a gordura vegetal mais usada no planeta — Foto: WWF
Safri lamentou a perda da esposa e a impossibilidade de ter impedido o ataque. Ele revelou que retornou mais cedo da plantação naquele dia, mas que não poderia imaginar que sua esposa estaria em perigo. "Se eu soubesse que ela seria atacada, teria ficado para protegê-la", desabafou.
Embora incidentes de humanos sendo engolidos por pítons sejam raros, a Indonésia tem registrado episódios cada vez mais frequentes nos últimos anos. Em julho deste ano, Farida, outra moradora da região, foi encontrada morta nas mesmas circunstâncias. O corpo da mulher foi localizado no interior de uma píton após moradores da vila de Kalempang encontrarem seus pertences e, em seguida, avistarem o réptil com uma barriga inchada.
Encontradas na maior parte do Sudeste Asiático, as pítons se alimentam de grandes mamíferos capturados em emboscadas estratégicas. Essa espécie de cobra usa a constrição como tática para matar uma presa: ela se envolve ao redor da vítima, apertando-a com força constante até conseguir uma asfixia completa.
A morte de Hapsah e outros casos recentes têm causado grande comoção nas comunidades rurais da Indonésia, que convivem com a proximidade da vida selvagem. No entanto, as autoridades têm alertam para os cuidados necessários em áreas florestais, principalmente onde há maior presença desses répteis.
Por que tantos casos na Indonésia?
A incidência de casos entre indonésios gera a dúvida: afinal, por que tantas pessoas são devoradas por cobras píton na Indonésia? Encontrado em uma enorme variedade de produtos que variam desde cosméticos, biocombustíveis, alimentos, sobremesas e produtos de limpeza, o óleo de palma é a gordura vegetal mais consumida no planeta. Ainda que seja o mais eficiente a se cultivar por ocupar menos espaço para ser produzido, segundo a World Wild Life, a exploração desenfreada dos recursos para extrair o óleo de palma ameaça o habitat de espécies do sudeste asiático, como as pítons reticuladas.
Os ataques crescentes de cobras da espécie na Indonésia seriam atribuídos, então, à proximidade que as serpentes passaram a ter das pessoas na cidade, com o desmatamento e a exploração de áreas tropicais na extração de óleos. Além disso, os incidentes também são facilitados pelo encontro dos trabalhadores com os animais durante as jornadas de extrativismo dentro das florestas.
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