Os candidatos de Mucambo e São João do Jaguaribe, Elenilson Queijeiro e Raimundo César, respectivamente, atribuíram a situação pelo "sucesso" das atuais gestões
Autor Ludmyla Barros
Candidatos únicos: Elenilson Queijeiro (PSB), de Mucambo, e Raimundo César (PSD), de São João do Jaguaribe Crédito: Reprodução
Disputas são fator marcante em uma eleição. Elas motivam os debates, discussões de propostas e movimentam o período de campanha eleitoral. Em duas cidades no Ceará, Mucambo e São João do Jaguaribe, isso não ocorre.
Em ambos os casos, apenas um postulante se registrou como candidato à Prefeitura e, contatados, os dois atribuíram a candidatura única ao “sucesso da atual gestão”.
Em Mucambo, o candidato é o nome indicado pelo prefeito Canarinho (PSB), no poder desde 2016. Elenilson Queijeiro (PSB) concorre em uma chapa com o vice, Dr. Tarcísio (PT). Na coligação, estão os partidos dos candidatos: PSB e a Federação Brasil da Esperança (PT/PC do B/PV).
Em São João do Jaguaribe, o atual prefeito, Raimundo César (PSD) tenta reeleição, em uma chapa com o atual vice-prefeito, Dalenio Augusto (PSD). A coligação é de um partido isolado, o PSD.
Nestes casos, os candidatos precisam de apenas um voto para serem eleitos, tendo em vista que já representam uma maioria de 50% ou mais. Votos em brancos e nulos não contam com voto válido. Ou seja, basta que o candidato vote em si mesmo para ser eleito.
“Mesmo que se tratasse de município com mais de duzentos mil habitantes, não caberia falar de segundo turno de eleições com candidatura única a prefeito. Além disso, no primeiro turno, de qualquer forma não seriam computados os votos em branco”, explica a norma eleitoral.
A situação não é inédita. Em 2020, por exemplo, a cidade de Jaguaretama apresentava o mesmo cenário de Mucambo e São João do Jaguaribe. Na ocasião, o prefeito Glairton Cunha (PP) se reelegeu em um pleito com candidatura única. A oposição, na época, orientou os eleitores a votar em branco, o que, conforme a legislação, não influencia no resultado final.
Nas eleições deste ano, ambos os candidatos sem oposição atribuem o cenário a uma gestão bem sucedida, que teria influenciado a decisão da oposição.
Mucambo: “Não é porque é única, que não vai haver campanha”
O candidato em Mucambo, Elenilson, afirmou ao O POVO que integra o grupo político do prefeito Canarinho, eleito pela primeira vez em 2016. Segundo o postulante, as gestões do aliado deixa-ram a “cidade linda, com pavimentação boa, saúde e ótimos índices em educação”, o que gerou um “reconhecimento da população”.
Elenilson afirmou que, nos levantamentos de intenções de votos, ele aparecia “com mais de 80%”, o que desanimou a oposição. “Ficaria difícil competir contra a gente”, afirma o candidato.
Segundo ele, não houve qualquer acordo com a oposição. “O atual presidente da oposição, eu nem conheço. Nunca tive nem um bom dia, boa tarde. Não teve diálogo, ou acordo. Nada, nada”, diz.
Sobre a campanha, Elenilson afirmou que “será como as outras”. “Vamos ter foco no eleitor, entregando propostas. Vai ter comitê, passeata. Não é porque é única, que não vai haver campanha.”
Em 2020, Canarinho concorreu contra Crizanto Povão, filiado ao PL. Venceu com 59,01% contra 40,99% do opositor. O POVO não conseguiu contatar o ex-candidato.
São João do Jaguaribe: “Não é falta de democracia, é a plena execução dela”
Candidato à reeleição, Raimundo César (PSD) afirmou que, por meio de uma gestão “democráti-ca”, conseguiu o cenário atual.
“Atribuo à gestão, ao modelo implantado. A cidade passava por problemas, especialmente de violência. Entendi que isso não era isolado, era social. Precisava integrar as pesso-as”, aponta também ao O POVO.
O gestor afirma que foi eleito com seis vereadores da base e três da oposição, dos quais dois foram “conquistados” por ele. “Consegui dois [parlamentares] da oposição. Conquistando pelo serviço, por aclamação. Entendo que foi esse modelo participativo. Que fez com que a oposição que não lançasse candidato neste ano”, analisa.
Segundo ele, a falta de oposição não significa uma “falta de democracia”, pelo contrário.
“Vi alguém falar assim: bom mesmo são dois candidatos, é mais democrático. Mas eu pratiquei democracia pelos quatro anos. Não foi falta de democracia, foi a plena execução dela, que fez com que as pessoas ficassem satisfeitas”, elabora.
Apesar disso, o prefeito afirma que não houve qualquer conversa ou acordo com a oposição, representada, em 2020, pelo candidato Dr. Antonio Carlos (PT). O prefeito foi eleito com 57,86% dos votos, contra 42,14% do petista. Também não foi conseguido o contato do ex-candidato.
A campanha deste ano, segundo Raimundo, será focada ao nível de Estado, visando apoios de parlamentares estaduais e federais, em prol de “projetos para a cidade”.
“Vou trabalhar por apoio externo, quero atrair indústrias, quero ter poder político. Espero que vejam: olha estamos unidos, em busca que o estado traga benefícios para a população”, diz o gestor.
https://www.opovo.com.br/noticias/politica/eleicoes/2024/08/19/entenda-como-sera-a-eleicao-em-cidades-do-ceara-que-so-tem-um-candidato-a-prefeito.html