Por g1 SP e TV Globo
Delfim Netto em foto de 2015 — Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Delfim Netto morre aos 96 anos
Ex-ministro da Fazenda durante o chamado 'milagre econômico' da ditadura militar, ele foi um dos mais influentes economistas do país e influenciou governos de direita e esquerda após a redemocratização.
Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal, morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos. Ele foi um dos mais influentes economistas do país, com papel fundamental para o chamado "milagre econômico" da ditadura militar e influência em governos de direita e de esquerda após a redemocratização.
Delfim Netto estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, por conta de complicações em seu quadro de saúde. A assessoria dele não informou o motivo da internação.
O ex-ministro deixa uma filha e um neto. Não haverá velório aberto, e o enterro será restrito aos familiares.
Delfim Netto foi figura central na vida política e econômica do Brasil nas últimas décadas
Um dos mais influentes economistas do país, Delfim Netto foi o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo. Ele tinha 38 anos quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Foi um dos responsáveis pelo chamado "milagre econômico" e também um dos ministros que assinaram, em 1968, o Ato Institucional número 5, o AI-5, o mais repressivo da ditadura militar.
O ex-ministro também ficou conhecido por incentivar o investimento estrangeiro no Brasil e as exportações do país. É dessa época uma de suas frases mais emblemáticas: "É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo".
"Não teve milagre nenhum. O milagre é efeito sem causa. Nossos brasileiros trabalharam, cresce-ram. Todo mundo melhorou. Uns melhoraram mais que outros. É por isso que se diz que não, a distribuição de renda piorou. A distribuição de renda, o índice mede distância entre pessoas. A distância entre pessoas cresceu, mas todos melhoraram", afirmou Delfim Netto em entrevista de 2014.
Após deixar o cargo na Fazenda, ocupou o posto de embaixador do Brasil na França, em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel. No governo de João Figueiredo, assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. Depois da redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e permaneceu como figura de destaque nos meios eco-nômico e político, tendo sido, inclusive, conselheiro de presidentes petistas e de empresários.
Papel nos governos militares e após redemocratização
Neto de imigrantes italianos, Antônio Delfim Netto nasceu em 1928 e cresceu no Cambuci, bairro operário da região central de São Paulo.
Ele se formou na terceira turma do curso de economia da Universidade de São Paulo, em 1951, foi professor assistente e se tornou catedrático em 1963. Recebeu o título de professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/08/12/ex-ministro-delfim-netto-morre-em-sp-aos-96-anos.ghtml