Um cinegrafista amador registrou imagens de um jovem de 26 anos, que passou quase duas horas na torre da Igreja São Cristovão, no Setor Rodoviário, em Goiânia, nesta segunda-feira (11). Durante a maior parte do tempo, ele ficou dependurado do lado de fora da grade. Tirou quase toda a roupa e, segundo testemunhas, algumas vezes ameaçou pular. Ele teria subido na torre para fugir dos seguranças da igreja, que o teriam flagrado em uma tentativa de furto.
Segundo o vigário administrador da igreja, padre Divino Ribeiro, pela fisionomia do jovem, foi possível perceber que ele não estava em seu estado normal. "Ele disse que queria dinheiro e que queria levar bens, pois estava com fome e precisava comer", conta o padre.
Para chegar até o topo da torre, onde ficam os sinos, o jovem precisou subir mais de 80 degraus. A altura é de aproximadamente 100 metros. Ao descer, ele deixou a camiseta que estava usando no local.
A família informou que o rapaz é usuário de drogas. O Corpo de Bombeiros foi chamado, mas o jovem só desceu da torre quando a mãe sua mãe chegou.
O comerciante Cláudio Barbosa Alves confirmou que o filho é dependente químico há nove anos e que, nesse período, só conseguiu uma internação pelos programas de igrejas e nenhuma pelo governo. O pai do jovem disse que, dentro de casa, o filho é uma boa pessoa, mas que não consegue fazer com que ele fique em casa o tempo todo. "A situação é complicada, pois a gente sempre pensa que com o filho da gente não vai acontecer. Mas a droga entrou até nas casas das famílias da classe média e da classe média alta", lamenta.
O comerciante criticou a falta de assistência do governo para o caso do seu filho e fez um apelo, pedindo indicações de locais de internação para o filho em Goiás e mesmo em outros estados. "Não consegui nada pelo governo, só por igrejas. Quem souber de vagas em igrejas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte me avise que vou levá-lo", diz.
A Secretaria de Saúde de Goiânia negou que o paciente aguardasse internação. Disse que Cláudio foi atendido no Pronto-Socorro Psiquiátrico do Hospital Wassily Chuc no ano passado e encaminhado ao Centro de Atendimento Psicossocial (Caps), mas abandonou o tratamento. Nesta segunda-feira (11), o jovem foi atendido novamente no Wassily e fará o tratamento na Clínica Jardim América.