Justiça determinou em abril deste ano que o caso vá a júri popular. O crime aconteceu em julho de 2017, quando o homem foi morto por uma injeção letal.
Por g1 CE
Enfermeira grávida acusada de matar amante com injeção letal em hospital pode ser levada a júri popular, em Fortaleza — Foto: CDC/ Debora Cartagena
A enfermeira Nara Priscila Carneiro teria matado o amante, também enfermeiro, após engravidar dele, mas não querer que ele assumisse a paternidade da criança. Ambos trabalhavam no mesmo hospital e viviam um relacionamento extraconjugal. Em abril deste ano, a Justiça determinou que ela seja levada a júri popular.
O crime aconteceu em julho de 2017, em um hospital particular no Centro de Fortaleza. Ramam Cavalcante Dantas foi morto com uma injeção letal. Ele desejava assumir a paternidade da criança, mas Nara não queria. Ela tinha receio que o relacionamento extraconjugal acabasse com o casamento dela.
Quase sete anos após o crime, Nara Priscila Carneiro, que tem 40 anos, teve a sentença de pronúncia publicada no Diário de Justiça do Estado (TJCE). Ela responde ao processo em liberdade. Também não foram fixadas medidas cautelares contra ela, como o uso de tornozeleira eletrônica.
O g1 entrou em contato com a defesa de Nara Priscila, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem.
Envenenado em hospital
Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Nara era casada há 11 anos e mantinha relacionamento extraconjugal com Ramam havia 1 ano e nove meses. Ela estava grávida, à época do crime.
Ainda segundo os autos, por volta das 16h30 do dia 10 de julho de 2017, Nara, que era enfermeira e supervisionava a sala de Unidade de Cuidados Especiais (UCE), em um momento de inatividade do setor, envenenou Ramam Cavalcante, que era supervisor de atendimento no hospital infantil.
Inicialmente, houve a suspeita de que Ramam tivesse cometido suicídio, porém, no decorrer das investigações, a polícia descobriu indícios da participação da acusada.
Em depoimentos colhidos na fase investigatória, testemunhas relataram à polícia que a sala onde Ramam foi encontrado ficava trancada e a chave ficava gaveta de Nara, que era chefe do setor da emergência. Além disso, somente ela tinha acesso aos medicamentos usados na morte da vítima.
A análise das filmagens do corredor do hospital comprovou que, apesar da acusada e a vítima entrarem na mesma sala, somente a mulher saiu.
Além disso, o perfil traçado pela perícia de Análise de DNA realizada no recipiente de cloreto de potássio injetado na vítima, se identificou um perfil genético majoritariamente do sexo feminino.
"Diante dos depoimentos colhidos em juízo, conclui-se pela existência de indícios de autoria que convergem na direção da Denunciada", diz um trecho da denúncia do Ministério Público.
Andamento do processo
A Denúncia do Ministério Púbico contra Nara foi recebida em 8 de agosto de 2018, determinando-se a citação da denunciada. Na ocasião, a enfermeira apresentou defesa preliminar.
Em julho de 2022, foi realizada a Audiência de Instrução após a defesa requerer o adiamento da audiência marcada anteriormente, com a chamada de doze testemunhas. A audiência foi continu-ada no dia 19 de abril de 2023, com o interrogatório da acusada.
Agora, o Juízo da 2ª Vara do Júri de Fortaleza determinou que Nara Priscila fosse submetida a júri popular por homicídio qualificado.
No dia 1º de abril deste ano, a defesa da ré ingressou com Recurso em Sentido Estrito junto ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) requerendo a despronúncia ou, caso haja o entendimento pela pronúncia, que sejam retiradas as qualificadoras do crime. O recurso será julgado por uma das três câmaras criminais do Tribunal de Justiça.
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2024/04/18/enfermeira-teria-matado-amante-apos-engravidar-e-nao-querer-que-ele-assumisse-a-crianca-em-fortaleza.ghtml