Padre Egídio foi preso na manhã desta sexta-feira, 17 de novembro, em João Pessoa, por suspeita de desvios de recursos do Hospital Padre Zé — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Documento com rol de testemunhas é uma resposta à denúncia de que Egídio teria desviado uma quantia de R$ 193.440,00, sendo R$ 122.000,00 para a compra de um veículo.
Por g1 PB
A defesa do Padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, solicitou à 4ª Vara Criminal da Comarca de João Pessoa, o anexo de 35 testemunhas no processo em que o religioso é acusado pelo Ministério Público da Paraíba de desviar cerca de 140 milhões em recursos da entidade filantrópica. Entre os nomes solicitados, estão o governador da Paraíba, João Azevêdo, o secretário de estado da saúde, Jhony Bezerra, e o arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson.
O documento é uma resposta à denúncia de que Egídio teria desviado uma quantia de R$ 193.440,00, sendo R$ 122.000,00 para a compra de um veículo, em nome da segunda acusada, e o valor de R$ 71.440,00 na forma de fraude em contrato de locação, pelo período de 20 meses.
Entre as demais testemunhas, estão, ainda, o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), o secretário de estado da administração, Tibério Limeira; a secretária de estado de desenvolvimento humano, Pollyana Dutra, o secretário municipal de saúde de João Pessoa, Luis Ferreira. (veja a lista completa no fim da matéria)
O pedido de inclusão dessas testemunhas foi protocolado em uma ação na qual a defesa pede à Justiça a rejeição da denúncia do MPPB por “inépcia e pela ausência de justa causa para início da ação penal”.
O advogado de defesa Luciano Santoro entende que as testemunhas podem contribuir com o esclarecimento dos fatos. "São pessoas que nós entendemos que são importantes e que, na verdade, não são testemunhas de uma ou outra parte mas são testemunhas do processo e estarão lá para esclarecer os fatos e contribuir no encontro da verdade", enfatiza.
Rol de testemunhas solicitado pela defesa
Dom Frei Manoel Delson Pereira da Cruz – Arquidiocese
Padre Marcelo Monte de Sousa – Paróquia Jesus Cristo Rei
Padre Jairo Barbosa Neves – Paróquia Santo Antônio do Menino Deus
Padre Cláudio Augusto Guerreiro Álvaro – Paróquia São Pedro e São Paulo
Padre Irapuan Ramos da Silva Paróquia Jesus Ressuscitado
Padre José Alves de Oliveira Nossa Senhora da Soledade e São Sebastião
Padre Carlos Emanuel Cardoso de Lima – Paróquia São Pedro e São Paulo
Padre Cícero Salvador Vieira – Paróquia Divino Espírito Santo
Padre Cláudio Euzébio de Amorim – Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Padre Josinaldo Nascimento de Araújo – Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Padre Luiz Brasiliano de Santana Martins – Paróquia Nossa Senhora das Dores
Padre Manoel Natalino Marques – Paróquia Nossa Senhora da Conceição
Mons. Ivonio Cassiano De Oliveira – Paróquia Santo Antônio de Lisboa
Adriano Cezar Galdino De Araújo – Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba
Carlos Tibério Limeira Santos Fernandes – Secretaria de Estado da Administração
Yasnaia Pollyanna Werton Dutra - Secretária de Estado do Desenvolvimento Humano
Lídia Dantas Werton (Mãe de Pollyana Dantas)
João Azevêdo Lins Filho - Av. Min. José Américo de Almeida
Pavlova Arcoverde Coelho Lira – Presidente Comissão de Controle Interno
Jhony Wesllys Bezerra Costa – Secretário de Estado de Saúde
Renata Valéria Nóbrega – Secretária Executiva de Estado de Saúde
Fábio Antônio da Rocha Sousa– Ex- Secretário de Saúde de João Pessoa
Luis Ferreira Filho – Secretário Municipal de Saúde/JP -
Andreia Ribeiro Wanderley (convênios HPZ)
Renata Queiroga da Costas Barros (Assistente Social HPZ)
Alessandra Regina Provenzano da Silva Spinelly (Patrimônio HPZ)
Yuri Souza Marues Aguiar (Responsável pelos convênios pela SEDH)
Lidia Gomes Pedrosa Sousa (Comissão de Avaliação e Monitoramento de Projetos da Sec. Municipal de Saúde de João Pessoa)
Janiza Carvalho da Costa (Gerente da Célula Orçamentária em Saúde – COPS)
Christina Targino Fernandes Gomes (Fundo Municipal de Saúde de JP)
Maria Goretti Felismino Duarte Rolin (Coordenadora de Projetos da ASA)
Maria Jullianna Gomes do Nascimento (Coordenadora ASA)
Geraldo Tadeu Indrusiak da Rosa (Ex-Vice-Presidente do Instituto/Hospital e atual Presidente do Conselho Regional de Administração /PB)
Samuel Rodrigues Cunha Segundo (primeira pessoa presa na operação - solto em seguida)
Karina de Alencar Torres - Delegada de Polícia Civil
Granla Santo Antônio, do padre Egídio de Carvalho Neto — Foto: Antônio Vieira/TV Cabo Branco
O que diz a denúncia
Segundo a denúncia, os recursos para a compra do carro foram retirados de um Termo de Colaboração firmado pelo Instituto Padre Zé com o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (SEDH), para execução de distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua de Campina Grande e Guarabira.
A locação foi custeada por recursos de emenda parlamentar repassados de um Termo de Fomento com a Secretaria de Saúde de João Pessoa. O objetivo do convênio era atender venezuelanos na capital.
O Ministério Público calcula que a soma da compra do carro e pagamento pela locação apontam para um desvio de R$ 193,4 mil. A denúncia também traz registros de movimentação financeira nas contas do instituto e investigados, além de anotações que indicam transações.
Quando começou a investigação?
A operação ‘Indignus’ foi deflagrada na manhã do dia 5 de outubro, mas as irregularidades no Hospital Padre Zé começaram a ser investigadas quando mais de 100 aparelhos celulares foram furtados da instituição. Esse caso foi tornado público em 20 de setembro. A denúncia, no entanto, foi feita em agosto e imediatamente um inquérito policial foi aberto. Um suspeito, inclusive, chegou a ser preso, mas responde em liberdade e cumpre medidas cautelares.
Padre Egídio deixou a direção do hospital logo após a denúncia sobre o furto de celulares. Os celulares foram doados pela Receita Federal, oriundos de apreensões, e seriam vendidos em um bazar solidário para comprar uma ambulância com UTI e um carro para distribuição de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade.
No desenrolar das investigações do furto, a Arquidiocese da Paraíba anunciou que estava afastando o padre Egídio de qualquer ofício ou encargo eclesiástico. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.
Após o furto dos celulares, uma denúncia anônima foi apresentada ao Ministério Público da Paraíba apontado uma série de irregularidades na gestão do padre Egídio.
Na terça, 3 de outubro, uma força-tarefa composta por órgãos públicos da Paraíba foi formada para investigar irregularidades no Hospital Padre Zé.
O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, afirmou que constatou inúmeras dívidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contábil e financeira da instituição. A gestão disse que a primeira providência foi solicitar ao Ministério Público da Paraíba uma ampla auditoria em todas as contas, contratos, convênios e projetos do hospital.
https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2024/02/02/governador-secretarios-e-padres-defesa-de-padre-egidio-pede-que-testemunhas-sejam-ouvidas.ghtml