Quase 200 pessoas deram entrada no hospital com intoxicação na Barra de Santo Antônio, litoral note de Alagoas.
Por Michelle Farias, g1 AL
Oceanógrafo explica a formação da maré vermelha no Litoral de Alagoas
Quase 200 pessoas deram entrada em uma unidade de saúde no interior de Alagoas após intoxicação por algas marinhas, em um fenômeno chamado "maré vermelha" (nome é dado porque as algas que formam ao longo da costa são de coloração avermelhada).
O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o oceanógrafo Gabriel Le Campion, explica que o fenômeno é raro e pode surgir em qualquer localidade.
"São florações normais, que podem ser tóxicas ou não. É um fenômeno raro e que não é frequente, pode ocorrer em qualquer lugar do litoral, ao longo da costa. Eles se multiplicam muito rápido. Fatores como clima muito quente, estiagem, facilitam ainda a mais o surgimento desses micro-organismos", disse.
O fenômeno apareceu no litoral pernambucano na terça-feira (30). Várias pessoas foram hospitalizadas após serem intoxicadas por algas na praia de Maracaípe, em Ipojuca.
Segundo o professor, o desequilíbrio no meio ambiente pode causar o surgimento dessas algas. "Elas precisam de nutrientes para se multiplicar e o homem pode interferir na formação dessas algas nocivas diante dos nutrientes que jogamos na água", afirmou.
A recomendação do IMA é que o banho de mar seja evitado durante o prazo de 48h. Os banhistas também devem estar atentos para coloração e odor diferentes no mar.
Cetesb identificou o organismo que causa a chamada maré vermelha — Foto: Gisela Bello/Arquivo Pessoal
Fenômeno provoca problemas de saúde
Essas toxinas passam pelo ar, causando intoxicação, como ocorreu na Barra de Santo Antônio, por meio do spray das ondas.
As pessoas podem respirar essas toxinas e apresentar sintomas como enjoo, dor de garganta, dor de estômago, tosse, coriza, obstrução nasal e sinais de conjuntivite, explica o especialista.
Um trecho da praia de Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio, precisou ser interditado para evitar a circulação dos banhistas. Além disso, já houve a proibição em algumas cidades da venda de peixes e moluscos para evitar que animais contaminados fossem consumidos.
O secretário de Meio Ambiente de Barra de Santo Antônio, Sérgio Silva, disse ao g1 que as algas foram trazidas de Pernambuco para o litoral alagoano e que o contato das pessoas que sentiram sintomas teria se dado através do ar. Ele disse ainda que o odor das algas é semelhante ao de gás de cozinha.
Em Pernambuco, na praia de Maracaípe, em Ipojuca, três pessoas foram hospitalizadas após serem intoxicadas. Outras banhistas também tiveram sintomas. Uma delas foi a promotora de eventos Paloma Brasil.
"Fiquei umas três horas na beira da praia, respirando essa maresia; fui dormir e, na segunda de manhã, acordei com dor no corpo, principalmente na lombar, e dor de cabeça, espirrando bastante, com tosse, com falta de ar, febre e diarreia", contou.
E como a maré vermelha acaba?
Os micro-organismos se diluem na água e a concentração desses organismos diminui naturalmente. Depois de um tempo, eles continuam filtrando água até ficar livre da toxina.
O que diz o Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informou que segue monitorando o caso e aguarda novos dados e análises temporais do deslocamento dessas manchas de microalgas.
"Como medida preventiva, é sugerido que seja evitada a entrada na água e a circulação nas praias enquanto ocorrer este fenômeno", informou o órgão ambiental.
https://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2024/02/02/mare-vermelha-entenda-o-fenomeno-raro-que-provoca-danos-a-saude.ghtml