NATUZA NERY
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto confirmou ainda nesta terça-feira (11) a troca de Ana de Hollanda pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) no comando do Ministério da Cultura. A petista vai assumir a nova função na quinta-feira.
A troca foi antecipada pela Folha e faz parte do acordo para que a senadora se integrasse à campanha de Fernando Haddad (PT) pela Prefeitura de São Paulo.
A presidente Dilma Rousseff se encontrou com a ministra na tarde dessa terça-feira. Dilma conversou por telefone com a senadora petista e confirmou o convite.
Marta já havia sido sondada no início do ano para assumir o posto.
Nota da assessoria de imprensa da Presidência afirma que "a presidenta agradeceu hoje o empenho e os relevantes serviços prestados ao país [por Ana de Hollanda] à frente da pasta desde janeiro de 2011".
"Dilma Rousseff manifestou confiança de que Marta Suplicy, que vinha dando importante colaboração ao governo no Senado, dará prosseguimento às políticas públicas e aos projetos que estão transformando a área da Cultura nos últimos anos", conclui o texto.
Ao chegar ao Senado hoje, Marta Suplicy desconversou e chamou de "especulação" a sua ida para o ministério. A senadora também não quis responder se aceitaria um convite para comandar a Cultura.
Pela manhã, Marta ficou a maior parte do tempo em seu gabinete e depois saiu para uma conversa com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
A petista já avisou ao suplente, o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), para que fique preparado para assumir sua cadeira no Senado.
A senadora, segundo Rodrigues relatou a interlocutores, o procurou na segunda-feira (10) e informou que estavam avançadas as negociações para que ocupe o ministério.
POLÊMICAS
Irmã do compositor Chico Buarque, Ana de Hollanda é cantora e fez carreira na burocracia estatal, trabalhando inclusive na Funarte.
Sua gestão tem sido marcada por críticas e em diversas oportunidades o Planalto precisou negar a saída da ministra.
A ministra sofre pressão de setores do PT desde que cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa. O sociólogo havia dito à Folhaque a ministra era "meio autista".
Além da pressão por parte de petistas, as críticas à ministra se devem à política sobre direitos autorais defendida pela pasta, à suspensão de pagamento de convênios e à retirada do selo Creative Commons (licença para uso de conteúdo) do site da pasta.
Outra crítica de parte do setor cultural é que ela não teria se empenhado para reduzir o corte no Orçamento da Cultura neste ano.
No ano passado, a CGU (Controladoria Geral da União) determinou ainda que Ana devolvesse cinco diárias que recebeu quando estava no Rio de Janeiro sem compromissos oficiais.
Em outra polêmica envolvendo a ministra, a Comissão de Ética Pública da Presidência pediu esclarecimentos à ministra por ter recebido camisetas da escola de samba Império Serrano para desfilar no Carnaval.
O brinde foi enviado seis meses após o ministério zerar a inadimplência da agremiação carioca, desbloqueando o CNPJ da escola.
MARTA
Esta será a segunda passagem de Marta Suplicy no governo federal. Em 2007, assumiu o Ministério do Turismo durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, foi criticada por conceder entrevista em que aconselhou a população do país "relaxar e gozar" em meio a caos nos aeroportos.
Deixou a pasta em 2008 para disputar a Prefeitura de São Paulo, mas perdeu a disputa no segundo turno para o atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD).
Famosa por apresentar um programa de TV que falava sobre sexo na década de 80, Marta foi deputada federal na década de 90 e também prefeita da cidade entre 2001 e 2004, mas não conseguiu ser reeleita.
Ex-mulher do senador Eduardo Suplicy, de quem ainda carrega o sobrenome, é uma das lideranças do PT em São Paulo.
TROCA
Ana de Hollanda é a 13ª ministra a deixar o governo da presidente Dilma Rousseff - ao todo, sete ministros deixaram a gestão de Dilma devido a denúncias de irregularidades.
Os ministros que já deixaram a Esplanada dos Ministérios são: Antonio Palocci (Casa Civil), Pedro Novais (Turismo), Alfredo Nascimento (Transporte), Nelson Jobim (Defesa), Orlando Silva (Esporte), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Mário Negromonte (Cidades), Iriny Lopes (Mulheres), Luiz Sérgio (Pesca), Carlos Lupi (Trabalho), Wagner Rossi (Agricultura) e Fernando Haddad (Educação).
Colaboraram Márcio Falcão e Flávia Foreque, de Brasília