Elis MonteiroPara o TechTudo
Todo usuário de iPhone sabe. Por mais que a gente negue, conforme chega o dia do lançamento de uma nova geração do smartphone, a ansiedade começa a tomar conta de nossas vidas. Faz parte do show da Apple “cozinhar” o mercado durante meses e colocar em ação todas as fases que já comentamos aqui, como uma grande nuvem que aos poucos vai se dissipando. Agora, depois de vários rumores, finalmente será encenada a última etapa da peça: o iPhone 5 será revelado.
Desde o primeiro iPhone, o único que causou certo desconforto no lançamento foi o 4S. E houve alguns motivos para isso: foi o primeiro iPhone lançado depois da morte de Jobs; não teve mudança de design; também não era compatível com redes LTE (quarta geração da telefonia); e não trouxe grandes novidades tecnológicas a não ser a Siri, assistente de voz que foi a grande novidade do lançamento. O desconforto dos fan boys com o 4S foi tão expressivo que impactou nas ações da empresa, que chegaram a cair 3% nas primeiras horas.
No lançamento do próximo iPhone, que será o sexto da família (apesar de provavelmente se chamar iPhone 5), a Apple terá de enfrentar um mercado mais maduro e concorrentes de peso que já estão dando trabalho. Ela terá que apresentar muito mais do que mudanças cosméticas para seduzir aqueles que já se encantaram pelo Samsung Galaxy S3, considerado um dos melhores celulares dos últimos anos e, de longe, o principal rival do iPhone.
A Apple também precisará mostrar que o iPhone é muito mais que um nicho de mercado e provar que pode bater de frente com os novos aparelhos dotados de Windows 8, principalmente o Nokia Lumia 920, apresentado pela Nokia na semana passada.
Os novos aparelhos da Nokia têm um trunfo que sempre foi o calcanhar de Aquiles da Apple: nenhum iPhone, até hoje, trouxe uma câmera de fazer cair o queixo. Ok, uma câmera sensacional nunca foi a proposta do aparelho. A Apple sempre se preocupou mais em fazer do iPhone um aparelho voltado para navegação na internet e para o uso de aplicativos, não um canivete suíço capaz de executar múltiplas funções. Ele pode até substituir numa boa um iPad, mas não uma câmera digital para aqueles que desejam fazer fotos para impressão e/ou noturnas. Mesmo com flash, o iPhone não é nem mesmo um ótimo aparelho para fotos. E talvez nunca venha a ser. Além de sua própria deficiência, a Apple enfrenta outros concorrentes como o Nokia 808 PureView, que pode até ter sido achincalhado por adotar o Symbian Belle, mas traz uma brava câmera com sensor de 41 megapixels e uma tecnologia revolucionária chamada de… Pureview. Fora a gravação de vídeo em Full HD. Quem testou a câmera sabe que neste quesito a Nokia está anos-luz à frente da Apple.
Sendo assim, a gente espera que o iPhone 5 traga melhorias consideráveis na câmera – tanto a principal quanto a secundária. E acho que falo em nome de todos os usuários de iPhone: queremos uma tela maior, pelo menos de 4 polegadas, com Retina display. Também queremos NFC, apesar de a adoção da tecnologia ainda não estar tão adiantada no Ocidente. Mas tanto o Samsung Galaxy S3 quanto o Nokia Lumia 920 estão apostando, e a gente quer. Só de pensar em pagar metrô ou pedágio passando o celular pelos sensores ou trocar arquivos com outros aparelhos de forma mais rápida e simples, dá um frio danado na espinha. Afinal, pra que serve a tecnologia senão para transformar nosso relacionamento com as atividades do dia a dia?
Queremos também que o iPhone 5 seja LTE, preparado para a próxima geração de redes 4G, mesmo que aqui no Brasil isso esteja super atrasado. Se partirmos do pressuposto de que ficaremos, vamos lá, pelo menos dois anos com o mesmo aparelho, a esperança de receber o 4G no país até 2015 não chega a ser uma utopia insana.
No ano passado, o YouTube foi invadido por vídeos mostrando um possível protótipo de iPhone que projetava o teclado em superfícies planas. A gente quer muito isso! Mas convenhamos que poderia vir a ser “canibalismo” com o iPad e o futuro (dizem) iPad Mini.
No que diz respeito à tela, será muito difícil o iPhone 5 bater o Galaxy S3, com suas poderosas 4,8 polegadas, com Corning Gorilla Glass 2 (lembrando que o Nokia Lumia 920 também utiliza a tecnologia que dá mais resistência à tela). O iPhone 5 deve vir com tela de 4 polegadas, o que já será um grande ganho, uma vez que o 4S tem “apenas” 3.5.
Já o multitouching deixou de ser exclusividade da Apple há alguns anos, então espera-se que ela tenha suado para trazer alguma coisa sensacional que ofusque o brilho do Galaxy S3. Este, por sua vez, traz desbloqueio de tela por reconhecimento de face e “percebe” quando o usuário olha pra ele e acende o display assim, do nada! Também o apaga quando o dono se distancia. Há coisa mais inteligente que essa?
E tem mais: mesmo que Steve Jobs tenha jurado que a tela do iPhone 4 (e, depois, a do 4S, com Cook) seria “inquebrável” por usar o mesmo material de helicópteros, o que mais se vê por aí é tela arranhada e trincada de iPhone. Por isso, um dos rumores dá conta de uma tela mais resistente. É preciso, é necessário, nós queremos, obrigada! Da mesma forma, agradeceremos se o iPhone ganhar uma emagrecida. A versão 4 já veio mais pesadinha. Perfeito agora seria um corpinho mais fininho e mais comprido.
O sistema deve ser mesmo o iOS 6, o iTunes continua sendo a chatice que sempre foi (na minha humilde opinião, o pior software de todos) e o iCloud deverá continuar sendo uma aposta. Ele é bom e pra mim pode continuar assim. Também cairia muito bem se o Facetime, software de conversação via vídeo, funcionasse em redes 3G e 4G e em Wi-Fi. De quebra, para incomodar a Samsung, um software de reconhecimento facial será bem-vindo e acredito MESMO que a Apple não decepcionará nisso.
Já o hardware… bem... a Apple é obrigada a dar mais velocidade ao aparelho, já que o Galaxy S3 traz processador Quad Core 1,4 GHz. As especulações em torno do iPhone dão conta de que ela deve ter optado por um processador A5X (o mesmo usado no novo iPad), com chip gráfico Quad Core. Se for isso mesmo, neste quesito o Galaxy S3 e o iPhone ficarão páreo a páreo. O que pode fazer a diferença para o smartphone da Apple, no entanto, é um gerenciamento mais inteligente de bateria. Este é um problema que não terá uma solução muito radical, pelo menos não em curto prazo. Quanto mais funções, quanto mais multitarefas, quanto mais push (notificações o tempo todo), menos tempo de vida a bateria tem. É uma equação fácil de entender.
Também não espero rádio FM. Dá para contornar o problema com apps, todo mundo sabe. Também não me espantarei se a Apple lançar um chip menor, o que vai bagunçar mais ainda a vida de todos que trocam de telefone como trocam de camisa (eu mesma peno, porque preciso usar adaptador para o mini-chip do iPhone “caber” no LG Prada e no Nokia Lumia que tenho).
Outra coisa que não deve mudar são as políticas “caixa preta” da Apple. Por isso nem adianta sonharmos com novidades extremas como, vamos lá, o suporte a Flash ou uma abertura maior da App Store. Os desenvolvedores continuarão à mercê das políticas restritas. O iOS não será um Android e ponto final. Mesmo que a Apple tenha concorrentes à altura, lembremos que ela continua sendo a empresa que mais vende aparelhos de ponta.
Ah! E antes que me esqueça: a Apple deve lançar o iPhone 5 com o esperado conector de 19 pinos (em substituição ao de 30 pinos), pensando no design. Isso pode ser um problema para os conectores que temos em casa, mas a Apple nunca ligou mesmo para isso. Ela nunca fez questão de se adaptar a padrões da indústria, e acredita mesmo que ter um iPhone é ter uma experiência diferente em todos os sentidos. Na verdade, é mesmo! Mas dizem por aí que ter um Samsung Galaxy S3 também não é nada trivial. A guerra vai ser feia e vamos adorar assisti-la, certo?