Da AFP noticias@band.com.br
Os funerais da maior parte dos 34 mineiros grevistas mortos pela polícia sul-africanano último dia 16 de agosto na mina de platina de Marikana, no norte, foram realizados neste sábado em diversas regiões da África do Sul e no Lesoto.
Vinte e quatro deles foram organizados neste sábado e outros dois devem ser realizados no domingo, segundo uma lista fornecida pelo governo.
Um dos enterros, que contou com a emoção de familiares, foi realizado na aldeia de Mdumazulu, na região do Cabo Oriental (sudeste da África do Sul), de Phumzile Sokhanyile, de 48 anos, e de sua mãe, Glorious Mamkhuzeni-Sokhanyile, de 79, que não resistiu ao tomar conhecimento da morte de seu filho.
Mamkhuzeni-Sokhanyile, que sofria de hipertensão e tinha asma, sofreu um colapso nervoso que causou sua morte ao ficar sabendo da morte do filho e ao ver as imagens do massacre de Marikana na televisão. "Ela viu as imagens e disse: 'Ah! Como assim? Meu filho foi morto?', e teve um ataque", contou à AFP Thokozile Sokhanyile, tia do mineiro morto.
Greve
A greve na mina de platina de Marikana deixou no total 44 mortos. Dez homens - incluindo dois policiais e dois seguranças - foram mortos durante os confrontos entre sindicatos entre os dias 10 e 12 de agosto, e, depois, 34 mineiros grevistas perderam a vida e 78 ficaram feridos quando a polícia abriu fogo contra uma multidão de manifestantes no dia 16 de agosto.
Os feridos são mantidos na prisão, enquanto um tribunal do subúrbio de Pretória, para a surpresa geral, acusou de assassinato as 270 pessoas detidas após o tiroteio.
O magistrado não indicou em que texto ele se baseou na quinta-feira para acusar esses homens de assassinato, que estavam armados de lanças e facões, e que foram atacados a tiros pela polícia. Vários juristas consideram que ele recorreu a uma lei anti-motins de 1956, ainda em vigor, que era muito utilizada no período do Apartheid.
O ministro sul-africano da Justiça, Jeff Radebe, pediu explicações ao promotor. Os advogados dos 270 acusados pediram ao presidente Jacob Zuma que os liberte até domingo, enquanto a próxima audiência foi marcada para o dia 6 de setembro.