Obras fazem parte da Transposição do Rio São Francisco no CE e foram assinadas ontem pelo ministro da Integração
Mais um trecho da transposição do Rio São Francisco em terras cearenses terá início no próximo mês, segundo anunciou o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, depois de assinar a ordem de serviço para obra ontem, em Fortaleza. Na companhia do governador Cid Gomes, ele informou que o projeto determina o investimento de R$ 518 milhões para a construção de seis novos reservatórios e da ampliação da barragem Atalho, todos localizados em Jati, a 524 Km da Capital.
O conjunto de obras detalhadas pelo ministro faz parte do chamado lote 5 do empreendimento do governo federal e deve, depois de concluído, beneficiar diretamente as cidades cearenses por onde passar.
"Isso vai ser fundamental para o suprimento hídrico, ou seja, a água de 12 milhões de nordestinos", reforçou o governador. Já a mão de obra empregada na construção dos reservatório, cerca de mil pessoas, deve ser composta, prioritariamente, de moradores da região de Jati, conforme acertado entre os governos federal e municipais e a construtora Serveng-Civilsan S/A.
Serviços
Esta é a segunda obra da transposição que tem início no Ceará. A primeira, a chamada lote 6, em Mauriti, era de responsabilidade da consórcio Delta/EIT/Getel, e teve seu contrato rescindido em 11 de agosto último por iniciativa das empresas. O levantamento do Ministério dá conta de 42% de conclusão, mas, desde esta data, o canteiro segue parado.
O novo prazo, segundo informou, ontem, Fernando Bezerra deve ser novembro próximo, quando serão licitadas as obras da chamada Meta 3N.
Além deste, a assessoria do Ministério informou de um outro canteiro de obras do empreendimento em Mauriti, o qual faz parte do lote 14 e teve as obras licitadas junto das cidades de São José das Piranhas e Monte Horebe, ambas na Paraíba.
Esforços e andamento
O ministro ainda contou dos esforços da pasta que dirige para atender "o desejo da presidente Dilma (Rousseff) de ver as obras civis da transposição (do Rio São Francisco) concluídas até o fim de 2014". Para tal, ele espera ter todos os lotes contratados até o fim deste ano. "Nós já temos um avanço de 40%, então, nós já temos R$ 3,2 bilhões desembolsados e, com a ordem de serviço de hoje, estamos completando quase R$ 3 bilhões. Estamos faltando licitar R$ 1,9 bilhões, que estarão saindo entre setembro e novembro", detalhou.
O Projeto São Francisco é uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que vai levar água para 12 milhões de pessoas em 390 municípios de quatro Estados: Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. No entanto, dos 16 lotes existentes, apenas nove estão em atividade, com o canal do eixo norte já concluído.
Cinturão tem prazo anunciado
A construção do primeiro trecho do Cinturão das Águas, projeto do governo do Estado com o Ministério da Integração, também teve prazos anunciados ontem. De acordo com o governador Cid Gomes, a licitação de 150 Km entre Jati e Cariús acontecerão no próximo mês e tem orçados R$ 1,3 bilhão, dos quais R$ 1 bilhão virá do governo federal e o restante será licitado pelo executivo estadual. A expectativa é de que, até dezembro deste ano, a obra seja contratada.
"Mais da metade da população do Ceará terá assegurada o abastecimento com a conclusão da transposição e da primeira etapa do Cinturão", garantiu o governador na ocasião.
A meta, assim como ressaltou o ministro Fernando Bezerra, deve ser a mesma do projeto federal: o ano de 2014.
Projeto
Questionado sobre o prazo de conclusão de todo o Cinturão das Águas, Cid Gomes ponderou a pressa e afirmou que serão necessários 12 anos para isso.
"O cinturão é de 1,7 mil quilômetros, que eu digo que é para algumas gerações. Mas, se um governo consegue fazer em quatro ano esses 150 Km, além dos outros 150 Km do eixo 3, é possível que, em mais 12 anos, daria para estar todo o Cinturão das Águas pronto e, com isso, a gente interligaria todo o Estado".
Combate à seca
Usando a seca desde último ano como exemplo, Cid voltou a ressaltar a necessidade de projetos que assegurem o abastecimento de "água para beber e tomar banho" em todo o Ceará, além de fortalecer e promover os projetos de irrigação e as indústrias locais. Segundo ele, os dois dutos do cinturão saem juntos de Jati, de onde vem a água do Rio São Francisco, e partem em direções contrárias
Entre eles, ainda está previsto um desvio para abastecer o Complexo Industrial e Portuário do Pecém através de Acaraú. "Assim, você pode manejar água de uma região para outra dependendo da carência", destacou.
Recursos
1,3 bilhão de reais é quanto o projeto já tem orçado. O governo federal enviará R$ 1 bilhão e o restante será licitado pelo executivo estadual
LÊDA GONÇALVES/ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTERES