A chamada de atenção dada pelo deputado Welington Landim (PSB) aos deputados que formam a bancada do Cariri na Assembleia Legislativa, da qual faz parte, gerou um mal-estar entre os parlamentares. Landim cobrava empenho dos seus colegas da mesma Região sobre a degradação na Chapada do Araripe, afirmando que o assunto era sério. “Onde estão os pares dessa Casa que defendem o Cariri?”, questionou o parlamentar.
“Onde está o deputado Roque que mal fala aqui?”, perguntou, também cobrando a presença de outro parlamentar representante do Cariri, o deputado Eky Aguiar (PSDC). A resposta veio imediata. O deputado Sineval Roque (PSB) fez questão de salientar que essa é a primeira vez que Landim levava para a tribuna os problemas na Chapada e que ele, Roque, jamais deixou de defender sua Região.
“Não peco por omissão. Estou presente, Landim. Não precisa vossa excelência chamar a minha atenção ou me convocar para trabalhar por nossa Região”, alegou Sineval Roque. Ely Aguiar respondeu no mesmo tom, pontuando que jamais seria omisso ao Cariri. O parlamentar deixou claro que a forma como Landim convocou seus pares não foi aceitável. “Não se pode convocar as pessoas diminuindo ou criticando”, ponderou.
Landim explicou que seu chamamento não foi com a intenção de humilhar ninguém, mas para somar forças em um movimento de defesa que não considera fácil. Landim se referiu a falta de preservação da Chapada do Araripe e propôs a criação de um Pacto Ambiental pela Chapada, que envolve a Floresta Nacional do Araripe e o Geopark Cariri, com a participação dos governos federal, estadual e municipais.
Complexo
Ele disse que o assunto é tão complexo que passou dois meses pesquisando para elaborar seu pronunciamento e apresentar o requerimento sugerindo a criação do Pacto Ambiental pela Chapada do Araripe. O parlamentar explicou que a Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe, criada por Decreto Federal em 1997, abrange uma área de apenas um milhão e 63 mil hectares.
De acordo com o deputado, a Lei nº 9.985, de 18 de junho de 2000, a APA da Chapada do Araripe foi classifica na tipologia de Unidade de Uso Sustentável. Esta classificação, explica, permite a exploração do ambiente, mesmo mantendo a biodiversidade do local e os seus recursos renováveis. Neste caso, salienta, os proprietários são obrigados a fazer plano de manejo e aguardar a autorização da Semace para utilizarem algum recurso natural, principalmente madeira. No entanto, garante, poucos cumprem a Lei.
“Para que os senhores tenham ideia do descaso, existem apenas dois fiscais, que são federais, para monitorar toda a APA da Chapada do Araripe. Assim, convoco esta Casa, através da Comissão de Altos Estudos, a se mobilizar pela preservação da Chapada do Araripe. Temos certeza que vamos consolidar as políticas públicas voltadas a esta maravilhosa região”, pontuou.
Campanha
Landim também pediu o apoio da iniciativa privada para entrar na campanha de preservação da Chapada do Araripe. Ele ressaltou a campanha do Grupo Edson Queiroz, “Plante uma árvore. Semeie esta ideia!”, afirmando ser uma “bela” luta pela arborização que começou por Fortaleza, com a distribuição e plantação de mudas. “A campanha ‘Plante uma árvore. Semeie esta ideia!’ é um sucesso em quase todo o Estado, com a urbanização de parque e lagoas através das comunidades, dos estudantes e donas de casa”, ressaltou.
Embora a convocação de Landim não tenha surtido um efeito positivo para a bancada do Cariri, os deputados Sineval Roque, Ely Aguiar e Mirian Sobreira (PSB) afirmaram ser favoráveis ao Pacto Ambiental pela Chapada Araripe.
A deputada Ana Paula Cruz, apesar de criticar a forma como Landim se portou aos colegas, também disse estar de acordo à sugestão dele. “Nós, que fazemos a bancada do Cariri, não viemos à tribuna falar abobrinha não. Tratamos dos interesses do povo e da Região”, pontuou.