Em Londres, presidenta afirma que Brasil “não é uma ilha” e sofre os efeitos da crise internacional, o que levará a um novo pacote de medidas entre agosto e setembro
Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff avisou hoje (27) as montadoras que demissões levarão ao corte dos incentivos concedidos em maio. “À medida que acontecem esses incentivos, é absolutamente justo que o governo acompanhe o desempenho do emprego. Aliás, só damos incentivo e fazemos uma política anticíclica para garantir o emprego. Não é por outra coisa. Todos os setores que receberem incentivos do governo têm de saber que nós fazemos isso por um único motivo, que é garantir emprego e renda para o povo brasileiro”, afirmou durante conversa com jornalistas em Londres, onde mantém uma série de reuniões bilaterais e assiste à abertura dos Jogos Olímpicos.
Em 21 de maio, o Ministério da Fazenda zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros populares e reduziu as alíquotas para os demais modelos. O pacote de medidas teve como objetivo ajudar a compensar as perdas provocadas pela redução do dinamismo do mercado internacional, afetado pela crise que assola a Europa. A contrapartida era uma: que não ocorressem demissões. “Damos incentivos fiscais e financeiros e queremos retorno para o país inteiro, não é para o governo. É a manutenção do emprego”, afirmou Dilma.
Esta semana, a General Motors (GM) concedeu licença remunerada a 7.200 funcionários na fábrica de São José dos Campos, no interior paulista, o que levantou o temor de que até 2 mil vagas sejam fechadas em breve. Metalúrgicos receiam o fechamento de parte da unidade e até mesmo o encerramento das atividades em São José. Durante reunião, a GM e o sindicato local acertaram que não haverá demissões até 4 de agosto, quando serão apresentadas novas propostas. O tema já havia sido levado ao ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se comprometeu a encaminhar a questão a Dilma.
Em Londres, a presidenta reiterou que o Brasil está bem posicionado para enfrentar a crise internacional, mantendo um nível de crescimento considerado bom dentro do atual contexto – o governo trabalha agora com a perspectiva de uma expansão de 3%. “O Brasil não é uma ilha. Todos os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão sendo afetados pela crise. A redução do crescimento na China impactou no Brasil, impactou na Índia”, afirmou. “A diferença do Brasil para o caso do Reino Unido é que nós temos uma situação fiscal, financeira, bancária diferenciada. O Brasil fez seu dever de casa até porque aprendeu. Não vamos nos esquecer que a gente teve uma crise da dívida soberana que durou 20 anos.”
Ela adiantou que será lançado um novo pacote de estímulos entre agosto e setembro na tentativa de reforçar o ciclo de crescimento. “Estamos muito preocupados em reduzir o custo do país”, apontou, acrescentando que as novas medidas terão como foco a redução do custo da energia, a integração de investimentos públicos e privados em infraestrutura e corte de impostos. “O país está aproveitando essa oportunidade que temos de redefinir as condições de crescimento econômico. Temos certeza que estamos em um caminho de estabilidade. Com a inflação sob controle. Vamos fazer tudo isso mantendo a solidez fiscal e continuando nossas políticas sociais, que são essenciais para nosso país.”