Demontier Tenório
O jovem Paulo Victor Lopes Monteiro, de 25 anos, responsável pela contratação de um pistoleiro para assassinar o vereador Amarílio Pequeno da Silva matando ainda o ex-policial civil Dedé Bezerra, foi preso nesta terça-feira no litoral potiguar. O mesmo integrava a quadrilha que mantinha em cativeiro há 37 dias um estudante filho de alto empresário no Rio Grande do Norte. Houve troca de tiros com a polícia e um dos seqüestradores morreu. Outros três foram presos dentre os quais Paulo Victor.
Quando foi preso em meados de dezembro do ano passado, ele contou com riqueza de detalhes a trama que culminou na morte dos ex-policiais pela qual recebera R$ 10 mil e pagou R$ 2,5 mil a Jonatan Marcos de Oliveira, de 22 anos, o Tiago Pernambuco, para executar Amarílio. Inclusive, ambos foram denunciados pelo Ministério Público por conta do duplo homicídio. Tiago segue preso na Penitenciária Industrial e Regional do Cariri em Juazeiro, enquanto Paulo ganhou habeas corpus no final do ano.
No depoimento que prestou, o rapaz disse ter sido contratado por uma pessoa que conhece apenas por "Damião" ou o apelido de “Vela” que se encontra recolhido na PIRC. Paulo é filho do Coronel Edilson Pereira Monteiro que foi comandante do 2º BPM e se constitui num militar de boa índole. O jovem, porém, é envolvido em crimes. Na noite anterior ao assassinato de Léo Boca de Lata, ele havia participado de assalto com o mesmo e estava no carro com Léo quando este foi morto. É suspeito ainda de envolvimento na morte do taxista Jordão Pinheiro de Matos em setembro de 2011.
SEQUESTRO – Agora, Paulo Victor foi preso no desfecho do mais longo seqüestro da história do Rio Grande do Norte. A polícia potiguar descobriu o local do cativeiro do estudante Porcino Fernandes da Costa Segundo, mais conhecido por Popó Porcino, na praia de Pitangui no litoral Norte e foi lá. No confronto, o seqüestrador José Erisvan ou “Cabeça”, foi morto, enquanto Anderson de Souza Nascimento saiu ferido e outros três, dentre eles uma mulher, foram presos.
No imóvel usado no cativeiro foram presos os cearenses Paulo Victor Lopes Monteiro, a namorada dele, Bruna de Pinho Landim, de 22, e José Orlando Evangelista da Silva, de 42 anos, sendo este preso no Conjunto Pitimbu. Cerca de 40 policiais participaram da operação resgate nesta terça-feira após definirem estratégias e invadirem a casa. Houve confronto com os sequestradores, que atiraram. Alguns policiais com coletes à prova de bala partiram ao encontro do estudante em um quarto.
“Graças a Deus que vocês chegaram", disse Popó exibindo as correntes. Ele não tinha ferimentos e disse não ter sofrido agressão física, mas foi ameaçado de morte a cada nova notícia publicada pelos blogs. O jovem teve os cabelos raspados para dificultar a sua identificação durante o transporte entre dois diferentes cativeiros, sendo o outro em Parnamirim. Os três sequestradores presos foram encaminhados para a Deicor onde prestaram depoimento.
A Delegada Sheila Freitas, informou que, a pedido da família, a polícia esteve afastada das negociações, mas não se omitiu nas investigações. O rapaz foi seqüestrado dia 16 de junho e a polícia só soube dois dias depois. O primeiro contato dos sequestradores com a família Porcino só foi feito 15 dias após. A delegada disse que foi negociado o resgate, mas garantiu que nada foi pago. Informações extraoficiais dão conta de que o primeiro pedido foi de R$ 10 milhões e o último de R$ 800 mil.
A polícia acredita que a quadrilha que sequestrou Popó Porcino não é formada apenas pelos cinco integrantes identificados ontem. Há possibilidade de pelo menos outras cinco pessoas terem participado do sequestro. A singela residência de terreno grande na principal via da praia de Pitangi, distrito de Extremoz, tem varanda em formato de "L". Passando por uma rua de barro ao lado do imóvel e olhando por cima do baixo muro de tijolo é possível visualizar um grande matagal.
Depois do tiroteio entre policiais e acusados na tarde de ontem, manchas de sangue eram vistas em todo o alpendre, onde também havia um colchão logo na entrada, e, nos fundos, roupas misturadas com toalhas, além de calcinhas estendidas no varal. Em meio à bagunça das vestes havia um papel com o Salmo 91 da bíblia cristã impresso em folha de papel A4 que tem em seus dois primeiros versículos dizeres que tratam da salvação através da confiança do Deus Cristo.
A vizinhança não imaginava que neste imóvel estivesse sendo mantido refém o filho do empresário Porcino Júnior. Moradores contam que as pessoas que transitavam pela casa não tinham comportamento estranho e havia sempre crianças no local. Ao serem questionados sobre a quadrilha, os nativos de Pitangui sempre se referem a uma mulher loira e bonita, que possui uma grande tatuagem nas costas, e sempre passeava com uma cadela pequena pelas ruas do distrito que seria Bruna de Pinho Landim.
O comerciante Vilson Santos Bernardino possui uma peixaria em frente ao cativeiro e conta que por diversas vezes a mulher fez compras no estabelecimento. Domingo, ela foi adquirir lagosta. Segundo ele, policiais civis alugaram a residência que fica em frente da que foi usada no cativeiro e até fizeram um churrasco no final de semana. Os outros comerciantes do distrito também contam que a acusada realizava compras nos supermercados, padarias e, também, faziam churrascos nos finas de semana.
Em Japecanga, distrito de Parnamirim, outra casa foi locada por R$ 300 mensais em um mini-condomínio com outras cinco casas e foi utilizada pela quadrilha. Ninguém suspeitou de algo em nenhum dos cativeiros. O metalúrgico Francisco Firmino Gonzaga Neto, dono da casa, conta que há dois meses foi procurado pelo homem que se identificou como Paulo Victor para firmar o acordo de aluguel. Na oportunidade o acusado disse ser de Fortaleza, onde possuía caminhões alugados.