Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi morta em ataque criminoso.
Bernardo TabakDo G1 RJ
A soldado Fabiana caiu, baleada no peito, em frente ao Bar do Dedé (ao fundo), ao lado da antiga sede da UPP Nova Brasília, que funcionava, provisioriamente, em contêineres
“A morte dela salvou muitas vidas”, afirmou um dos policiais militares que trabalhavam, na tarde desta terça-feira (24), na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, sobre a morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos.
Na noite de segunda-feira (23), a sede da UPP foi atacada, e baleada, por criminosos armados. A soldado Fabiana foi morta com um tiro no peito que levou durante o tiroteio. “O primeiro tiro que deram foi nela, que tinha acabado de fazer um lanche. O disparo alertou todos os policiais na UPP, evitando que fossem pegos desprevenidos”, contou o PM.
A UPP Nova Brasília fica a cerca de 200 metros do local onde Fabiana foi morta. O local onde ela caiu, após ser baleada, fica em frente a uma mercearia, na Rua da Assembleia, fica ao lado dos contêineres que abrigavam a sede provisória da UPP. “É claro que estamos sempre atentos ao que pode acontecer, mas ao ouvir o tiro que deram nela, todos os outros policiais puderam se proteger, se abrigar, e preparar o revide”, complementou o policial militar. A suspeita é de que ela tenha levado um tiro de fuzil, já que o colete à prova de balas que Fabiana vestia, e que faz parte do equipamento de todos os policiais de UPPs, só suporta tiros de revólver e pistola
Colegas de farda de Fabiana ainda levaram a policial com vida até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão, mas ela não resistiu. O corpo da soldado Fabiana Aparecida de Souza será enterrado às 9h desta quarta (25), no Cemitério do Riachuelo, no município de Valençax, no interior do estado do Rio. A soldado, que estava na polícia havia pouco mais de um ano, era solteira e não tinha filhos.
Um cinegrafista amador registrou o momento da troca de tiros. Nas imagens, é possível ouvir o barulhos dos disparos.
Após o ataque, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que faz buscas aos criminosos nesta terça-feira (24), informou que vai patrulhar a região por tempo indeterminado. Por volta 11h30, três suspeitos foram detidos, um deles menor de idade, por homens Bope. Eles foram levados para a 21ª DP (Bonsucessox). Os dois maiores possuem antecedentes criminais.
O policiamento foi reforçado em todo o entorno do Alemão, na manhã desta terça. Circulam pelas principais vias da região patrulhas do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré). No interior da favela, homens do Bope vasculham ruas e becos atrás dos criminosos. Foram apreendidos um colete à prova de balas, cocaína, maconha e um artefato explosivo.
O coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, disse, na manhã desta terça, que os coletes à prova de balas usados nas unidades não seguram tiro de fuzil. Segundo ele, os policiais das UPPs usam equipamentos adequados para ações cotidianas. Mas o oficial nega que ocorram mudanças no trabalho das UPPs daqui em diante.
Ocupação do Alemão
O conjunto de favelas do Alemão foi ocupado pelas Forças de Pacificação em novembro de 2010 e provocou uma fuga em massa de traficantes. Em setembro do ano passado, houve o primeiro grande ataque dos criminosos. Disparos foram feitos de pontos diferentes da comunidade, ao mesmo tempo. O policiamento precisou ser reforçado. Na época, o Exército divulgou um vídeo que mostrava a venda de drogas na Vila Cruzeiro.
O Exército saiu da região no início deste mês e deixou a segurança sob responsabilidade da Polícia Militar. No Alemão, já estão instaladas as unidades do Adeus e da Baiana, da Fazendinha e Nova Brasília. Essas duas últimas ganharam sede definitiva há quinze dias. Na Penha, já funcionam as UPPs da Chatuba e dos morros da Fé e Sereno.
Apesar da instalação das seis UPPs, os ataques dos traficantes não cessaram. Em junho, criminosos atiraram contra a UPP de Nova Brasília. Na semana passada, duas equipes de PMs foram atacadas na Fazendinha. Em um dos ataques, bandidos lançaram uma granada de fabricação caseira contra um carro da polícia. Ninguém ficou ferido.
Em todo o Rio, já são 25 UPPs, beneficiando mais de 140 comunidades. Mais de 5,5 mil policiais estão nas áreas pacificadas.