Presidente do PTB é um dos réus do mensalão, que STF julgará em agosto.
Mariana OliveiraDo G1, em Brasília
O cirurgião José Ribamar Sabóia Azevedo, médico do presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, afirmou na tarde desta sexta-feira (20) ao G1 que o paciente tem uma "lesão de natureza indeterminada" no pâncreas, que pode ser um tumor benigno ou maligno.
Mais cedo, a assessoria de imprensa do PTB havia informado que o presidente nacional da legenda estava com câncer no pâncreas. Depois, telefonou para informar que o tumor, na verdade, era benigno.
Segundo o médico, só será possível verificar se há cancer após a biópsia, que será feita depois da retirada do tumor. Azevedo informou que Jefferson deve ser internado na próxima quinta-feira (26) no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, para ser operado no sábado (28).
"Ele tem uma lesão de natureza indeterminada, não se sabe a natureza da lesão, se é câncer ou não. O fato é que é um tumor, que pode ser benigno ou maligno. E, pelo tamanho e localização, consideramos que há necessidade de operação", afirmou o cirurgião.
O tumor, conforme o médico, tem cerca de quatro centímetros e está localizado na cabeça do pâncreas.
A previsão do cirurgião é de que Roberto Jefferson fique internado por dez dias. Imediatamente após o procedimento ele deve ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por um período que dependerá da reação à operação.
"É uma cirurgia delicada. É um ato médico e não se pode dizer que não tem risco, todo ato médico implica risco, mas será feito com todo cuidado e com toda a tecnologia disponível", disse.
De acordo com o cirurgião, exames aos quais Roberto Jefferson se submeteu na semana passada indicaram a existência do tumor.
Reeleito
Jefferson foi reconduzido na última quarta (18) à presidência nacional do PTB. Ele exercerá o quarto mandato consecutivo.
Delator do mensalão, maior escândalo do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Jefferson disse ter convicção de que será absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Jefferson é um dos 38 réus no julgamento programado para se iniciar no próximo dia 2. O dirigente partidário foi acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
"Não serei condenado. Não há condição de me condenarem. É um absurdo jurídico tão grande que penso que o Supremo não vai fazer isso", afirmou Jefferson em entrevista antes de ser reconduzido à presidência do PTB.
Acusação
O presidente do PTB é acusado pelo Ministério Público Federal de ter recebido R$ 4 milhões do PT. Segundo os procuradores da República, a cifra teria sido desviada de empréstimos fictícios com aval da cúpula petista a fim de comprar votos de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo. À época, o dirigente petebista integrava a base de apoio do governo Lula.
Jefferson afirma que, no momento em que detonou o escândalo, não tinha ideia da dimensão que a denúncia tomaria.
"Pensei que seria uma luta política, mas nunca com esse desdobramento que vivemos hoje. Não imaginei que aquela denúncia pudesse atingir tanta gente e pudesse chegar aonde chegou. Até porque não tinha noção do volume de tudo, sabia apenas algumas coisas", disse.