Ministério Público Federal também denuncia os profissionais por aborto.
Dois médicos são acusados de cobrar para realizar partos em pacientes do SUS em Jales (SP).
O Mistério Público Federal também denuncia os profissionais por aborto e pede à Justiça que eles sejam presos. Pelo menos dez gestantes teriam sido vítimas e dois bebês morreram.
Prestes a dar a luz ao terceiro filho, uma mulher que não quer se identificar conta que foi informada pelo médico que teria de pagar pela cesárea. Como não tinha o dinheiro, a cesariana foi adiada. A família conseguiu atendimento com outro médico da rede pública. Mas o atraso no parto trouxe problemas para a saúde do bebê. “Ele não podia mamar, não podia ir no colo, ficou na incubadora por um bom tempo”, afirma a mãe.
Já a história de outra mulher não teve um final feliz. A filha dela perdeu o bebê. O mesmo médico cobrou R$ 1,2 mil pelo parto. E a família não tinha como pagar. “Quando ela sentiu as dores ela foi até o Pronto Socorro, quando chegou lá constataram que a criança estava morta e que não tinha mais jeito”, diz a mãe da mulher.
Diante destas denúncias, a Polícia Federal investigou o caso durante dois anos, reuniu provas e indiciou os profissionais. O Ministério Público Federal encaminhou o caso à Justiça. Nos documentos constam acusações graves contra dois médicos. Para o Ministério Público, não há dúvidas que eles provocaram aborto em duas pacientes e se beneficiaram com a cobrança indevida de mais de dez partos, recebendo dinheiro das gestantes e do SUS. “Os médicos foram indiciados em inquérito policial e no momento atual são denunciados porque além de cobrar de forma abusiva das pessoas, também cobraram do SUS, o que caracteriza estelionato”, explica o promotor Thiago Lacerda Nobre.
Além de denunciar os médicos pela prática de aborto, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a prisão dos profissionais. Caso a solicitação seja negada, o procurador exige o afastamento dos dois das funções públicas.
Procurado em uma clínica que mantém em Jales, um dos médicos não foi encontrado. A informação é que ele se recupera em casa de uma cirurgia. O outro médico se mudou para a Bahia. As vítimas aguardam confiantes uma decisão favorável da Justiça.
Se a Justiça receber a denúncia do Ministério Público, os médicos vão responder a processo por estelionato, falsidade ideológica, aborto sem consentimento da gestante e pelo crime de se aproveitar de uma função para exigir dinheiro ou obter vantagem. A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido de prisão dos profissionais.
Um dos médicos, que hoje trabalha na Bahia, nega as acusações e diz que nunca recebeu dinheiro do SUS e de pacientes para o mesmo parto. Disse ainda que exerce a profissão há 38 anos e que a acusação de aborto é absurda. Já o outro médico não retorno as ligações.