Governo da Síria contesta Kofi Annan e nega 'massacre' em Treimsa

Enviado da ONU denunciou uso de armamento pesado contra o vilarejo.

G1, com agências internacionais

O governo da Síria negou neste domingo (15) acusações do enviado especial da ONU Kofi Annan de que forças estatais usaram helicópteros e armas pesadas em confronto na cidade de Treimsa na quinta-feira passada.

O porta-voz do ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi, disse que não houve uma "matança", mas um combate entre o exército regular e "grupos armados".

A oposição afirma que até 220 pessoas, em sua maioria civis, morreram no ataque e na ocupação da cidade. Os observadores da ONU que visitaram o local no sábado afirmaram, em um relatório não conclusivo, que o ataque teve como alvos rebeldes e ativistas.

Makdissi afirmou que as forças de segurança mataram 37 combatentes e dois civis na campanha. Segundo ele, a vila era usada como base de onde os rebeldes lançavam ataques a outras regiões.

"O exército utilizou transportes de tropas do tipo BMB, armas leves, lança-foguetes. Não recorreu a aviões, nem a tanques, nem a helicópteros e nem a artilharia", disse.

"Ontem recebemos uma carta do senhor Kofi Annan endereçada ao ministro Walid al-Moualem. O mínimo a se dizer sobre essa carta sobre o que aconteceu em Treimsa é que ela não se baseia em fatos. Falando o mais diplomaticamente possível, dizemos que essa carta foi exagerada."

"Grupos terroristas atacaram a aldeia e instalaram sedes de comando, aterrorizaram e torturaram os habitantes", disse. "Não foi um ataque do exército contra civis, mas combates entre o exército regular e grupos armados."

Em uma nota dirigida ao Conselho de Segurança da ONU, Annan havia denunciado o uso em Treimsa "de artilharia, de tanques e de helicópteros", confirmado pelos observadores das Nações Unidas que estiveram no local no sábado, e considerou que se tratava de mais uma violação do plano de paz oficialmente aceito por Damasco, mas jamais aplicado.

O ataque a Treimsa aumentou a pressão internacional sobre o contestado regime do presidente Bashar al Assad na Síria.

A revolta contra o regime, iniciada em março de 2011, já matou pelo menos 17 mil pessoas no país, a maioria civis, segundo a oposição, e jogou a Síria às portas de uma guerra civil generalizada.

O governo afirma que está combatendo "terroristas" que tentam desestabilizar a Síria.

Mais violência
A violência deixou neste domingo pelo menos 15 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Bombardeios intensos por quase seis horas na noite de sábado foram ouvidos a cerca de 30 km a oeste de Aleppo, segundo um jornalista da France Presse.

Neste domingo, a opositora Comissão Geral da Revolução Síria informou que quatro pessoas morreram em Aleppo perto de uma escola, vítimas de disparos de obuses.

Diplomacia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reunirá na terça-feira em Moscou com o mediador Annan, com a esperança de dar um impulso diplomático ao plano de paz para resolver a crisena Síria, anunciou neste domingo o Kremlin.

O serviço de imprensa de Putin anunciou que o enviado internacional chegará a Moscou na segunda-feira e no dia seguinte realizará um encontro com o presidente russo no qual a "Rússia ressaltará seu apoio ao plano de paz de Kofi Annan".

Annan também se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Também está previsto que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, viaje na próxima semana à China, que, junto com a Rússia, vem bloqueando qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o regime de Assad