Igor Siqueira
Rio de Janeiro (RJ)
Confirmado como um dos beneficitários do esquema de pagamentos a membros da alta cúpula da Fifa, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pode sofrer sanções no Brasil. É o que diz o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous.
Segundo ele, há uma brecha para que o Ministério Público peça a abertura de inquérito contra Teixeira, mesmo que a parte referente a Ricardo nos R$ 45,5 milhões de suborno tenha circulado em transações fora do Brasil (a empresa mais lucrativa de Teixeira – a Sanud – ficava em Liechtenstein).
– Ele era presidente da CBF, que é uma entidade brasileira. O MP já abriu dois inquéritos contra ele (mas ambos acabaram sendo arquivados) e pode solicitar que as investigações sejam retomadas e tomar mais depoimentos para punir ou não Ricardo Teixeira – afirmou.
No entanto, ainda não é possível determinar qual seria a punição aplicada a Teixeira neste caso. O presidente da OAB-RJ diz que isso depende de como a denúncia do Ministério Público for formulada.
– Em um primeiro momento, parece um caso de corrupção. Mas Teixeira pode ser denunciado por apropriação indébita. Dependeria do MP. Ainda não dá para dizer muita coisa – completa.
Wadih Damous aproveita o ensejo para pedir a participação do poder público na questão:
– O Congresso não pode ficar de braços cruzados. Este é um episódio lamentável, que mostra como o futebol brasileiro está mal fora dos campos. A presidência da CBF mudou, mas não sei se para melhor.
Na hipótese de que Teixeira seja indiciado por apropriação indébita, ele pode pegar de um a quatro anos de prisão. Para a corrupção passiva, para quem aceita suborno, a pena vai dois a 12 anos.
Por duas vezes o MP já foi atrás de Teixeira e o acusou de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mas não conseguiu levar a investigação à frente. Quem sabe agora?