Estudo do BNB, em sua área de atuação, aponta principais cidade conforme o indicador. Bahia aparece com sete
Nenhum município cearense aparece entre os 15 principais apontados pelo Banco do Nordeste do Brasil com o maior PIB per capita (total de riquezas produzidas dividido pela quantidade de habitantes). De acordo com o banco, admitindo o ano de 2009 como referência, há sete cidades da Bahia no topo da lista e três de Sergipe. Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Maranhão registraram um município cada.
Os dados foram levantados pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), na pesquisa denominados "Nordeste do Brasil: Sinopse Estatística 2012" - um diagnóstico social e econômico da área de atuação do BNB; e "Nordeste em Mapas", que pormenoriza o quadro geral com dados municipais, segmentando temas que congregam informações sobre o território, demografia e financiamentos da instituição financeira.
Conjunto de aspectos
Para o coordenador de pesquisas do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), do Curso de Pós-Graduação em Economia (Caen) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Carlos Manso, a pesquisa confirma que as desigualdades sociais no Estado ainda são muito elevadas, contudo, diz ele, o PIB Per capita sozinho, não revela que a riqueza produzida nestes 15 primeiros municípios está sendo revertida em benefícios para a população. "O PIB per capita é uma análise importante, aproxima um pouco a noção da riqueza gerada e uma ideia de como ela é distribuída, porém é necessário observar outros indicadores dentro do conjunto da sociedade, sobretudo na questão da renda pessoal", avalia.
Os municípios que ocuparam as três primeiras posições do ranking foram São Francisco do Conde (BA), com R$ 360.815,80 por pessoa; Ipojuca (PE), com R$ 93.791,80, e Guamaré (RN) 90.233,40. De acordo com o Etene, as cidades que ocuparam essas colocações têm, de forma geral, características excepcionais, puxadas por refinaria, Porto de Suape e Polo Industrial da Petrobras.
Na opinião do professor Carlos Manso, a riqueza produzida deve ser refletida no bem-estar dos habitantes. "Há sérios problemas sociais. Não se pode considerar como próspera a riqueza produzida se ela não tem sido convertida em melhorias para as pessoas do local", observa.
No comparativo dos estados cobertos pela área de atuação do BNB, o Ceará ficou em 6º lugar, com PIB per capita médio de R$ 7.686,60. O Norte do Espírito do Santo esteve no topo, com R$ 12.059,00 em média.
Outros dados
A pesquisa do Etene também divulgou o Valor Adicionado Bruto (VAB) da Agropecuária, Indústria e de Serviços.
Somente no VAB da Agropecuária 2009, o Ceará não colocou nenhum de seus 184 municípios entre os 15 mais produtivos. No parte da indústria, Fortaleza, em 3º, e Maracanaú, em 10º, registraram, respectivamente, R$ 6 bilhões e R$ 1,6 bilhão de VAB industrial. Já no segmento de serviços, Fortaleza foi a única representante cearense, em 2º lugar, com VAB de serviços de R$ 21,2 bilhões.
ILO SANTIAGO JR.
Repórter
Indústria local é a que mais emprega
Na área de atuação do BNB, segundo o estudo do Etene, com base, em 2010, o Ceará lidera na quantidade de vínculos trabalhistas no setor industrial. Mesmo com a crise, o desempenho do Estado é melhor, nesse aspecto, do que os dos demais vizinhos nordestinos. O Ceará concentra 21,1% da vagas contra Bahia (20,7%) e Pernambuco (19,1%). Juntos, os três representam 60,9% dos empregos formais industriais. Ao todo, nessa ordem, as indústrias cearenses, baianas e pernambucanas, fecharam o ano de 2010, com 261.198 vagas, 255.774 vínculos, e 236.451 postos na área.
“Dos 15 municípios com maior número de empregos industriais, 12 fazem parte de regiões metropolitanas, exceto Sobral (CE), Feira de Santana (BA) e Campina Grande (PB), que também são os únicos representantes do Semiárido. Destaque para Fortaleza (CE), cujo número de empregos supera em 186,8% o município seguinte, que é Recife (PE)”, revela o levantamento do BNB.
Vagas no varejo
No comércio, a Capital alencarina, com 131.633 ocupações, também fica no topo do ranking. Seguida por Salvador (130.703) e Recife (115.971). No ponto de vista do professor Carlos Manso, apesar da desaceleração econômica da indústria e no menor crescimento do comércio neste ano, o desempenho na criação de postos de trabalho se deve “por boa parte das oportunidades ser intensiva em mão de obra”. “Não é intensiva em tecnologia. O emprego é no capital humano para produtos de menor valor agregado, com salário baixos”, explica.
Outros setores
Na área da construção civil, Fortaleza, com seus 58.194 empregos, fica atrás apenas de Salvador (80.981) e Recife (58.746). O Estado também continua em terceiro no segmento de serviços, dentro da área de atuação do BNB, até 2010. O Ceará apresenta 440.244 vínculos empregatícios no estudo do Etene. Perde apenas para Salvador, com 540.261, e Recife, com 443.131.
O setor de pior desempenho cearense na geração de empregos ainda é o agropecuário. O Estado fica somente na 4ª posição, com 22.280 vagas preenchidas. Bahia lidera com 86.604 postos de trabalho formal. O Ceará não tem nenhum município entre os 15 principais municípios cobertos pela atuação do BNB em quantidade de empregos do setor agropecuário, em 2010, aponta o estudo. (ISJ)