Bruno Andrade
Thiago Perdigão
São Paulo (SP)
Três meses de contrato para entrar na história do Palmeiras. A estrela de Betinho brilhou no Couto Pereira e o Palmeiras voltou a soltar o grito de campeão nacional. Um grito que estava entalado há 14 anos. Com o empate em 1 a 1 com o Coritiba, o Verdão conquistou a Copa do Brasil de forma invicta e garantiu a presença da equipe na Copa Santander Libertadores de 2013.
Nos últimos anos tentaram, mas não conseguiram diminuir o Palmeiras. É bem verdade que o time ficou longe dos títulos - exceção feita ao Paulistão de 2008. Mas a torcida seguiu com o time.
E agora o Alviverde, outra vez imponente, também se tornou o "Rei do Brasil". Nenhumm clube conquistou tantos títulos nacionais como o Palestra. Desde a década de 1960, o palmeirense só não foi campeão do país na de 80 e na última. Agora, são dez no total.
Inspirado no "Rei" da música brasileira, Roberto Carlos, o Palmeiras voltou. Voltou para ficar! Aí no seu lugar. E o lugar do Verdão é esse mesmo, no topo dos pódios.
"Sem saber depois de tanto tempo, se havia alguém a minha espera. Passos indecisos caminhei. E parei! Quando vi que dois braços abertos. Me abraçaram como antigamente. Tanto quis dizer e não falei. E chorei!" E o palmeirense chorou. Chorou de emoção. Sofreu.
Perdeu seu maior ídolo antes mesmo do começo do ano, quando Marcos, o Santo das últimas conquistas, resolveu se aposentar. Perdeu atletas importantes em partidas decisivas. Não teve seu melhor jogador no ano por conta de uma crise de apendicite. Jogou sem sua maior estrela, primeiro sequestrada e depois suspensa. Mas ganhou.
A Copa do Brasil não é o título mais importante da história do Palmeiras. Talvez, não esteja entre os cinco maiores. Mas este 11 de julho de 2012 faz lembrar até o 12 de junho de 1993, aquele dia em que o Palmeiras venceu o Corinthians, seu maior rival, e acabou com a incômoda fila de 16 anos de jejum.
Não terá o mesmo peso, mas pode ter o mesmo significado. Aquele sentimento de orgulho, de libertação, do fim "daquele peso nas costas". Agora é hora de vestir sua camisa, palmeirense! De cantar aos quatro ventos que é Palmeiras até morrer. Que o Palmeiras é a sua vida. O seu time. O seu amor.
Tentaram, mas não derrubaram o Gigante. Ele voltou!
LÁ E CÁ PRAGMÁTICO
A finalíssima da Copa do Brasil começou com a pressão do Coritiba. Com mais de 30 mil torcedores no Couto Pereira, a equipe da casa foi para cima logo no início e deu trabalho aos marcadores do Palmeiras. Mas o sufoco de nada adiantou, e o Verdão equilibrou a partida minutos depois.
A primeira grande chance do confronto saiu da boa e velha bola parada de Marcos Assunção. Aos 19 minutos, o volante palmeirense cobrou falta periogosa, bola cruzou a área do Coxa e Betinho, por pouco, não abriu o placar.
Principal jogador do Coritiba no duelo, Rafinha respondeu à altura aos 28 minutos. O atacante Everton Costa ajeitou a bola para trás dentro da área e o camisa 7, sem dominar, chutou forte e cruzado. A bola passou raspando a trave e assustou Bruno. O perigoso lance serviu para animar a torcida da casa.
Daí em diante o jogo foi lá e cá. Mas foi um lá e cá pragmático e sem emoção. Erros de passe e faltas desnecessárias marcaram os últimos minutos do primeiro tempo. Atuações apagadas para quem almejava uma vaga na próxima Copa Santander Libertadores.
FUTEBOL DIGNO DE FINAL DE CAMPEONATO
Com a vantagem do 2 a 0 conquistado em São Paulo, o Palmeiras começou a etapa final de forma defensiva e estratégica. E por que se arriscar no ataque? Com os 11 jogadores atrás da linha do meio-campo, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari apenas observou o Coritiba se arriscar com tudo no ataque.
Aos 14 minutos, o técnico Marcelo Oliveira tirou o volante Sérgio Manoel e colocou o meia Lincoln. E a substituição surtiu efeito de imediato. O ex-palmeirense fez bela jogada individual na entrada da área e sofreu falta aos 16 minutos. Ayrton cobrou com perfeição e abriu o placar no Couto Pereira.
Mas a comemoração da torcida da casa demorou apenas quatro minutos. Mais uma vez a bola parada de Marcos Assunção foi decisiva. O experiente volante, de 36 anos, cobrou a falta com capricho para Betinho, de cabeça, desviar a bola e empatar o jogo. Explode, Verdão!
Betinho, dono de um contrato de apenas três meses, tranquilizou a torcida do Palmeiras. Betinho, dono de apenas um gol com a camisa alviverde, substituiu o artilheiro Barcos e não decepcionou.
Marcos Assunção voltou a assustar o goleiro Vanderlei aos 28 minutos. E, outra vez, de bola parada. Mas a bola bateu na trave. E daí? O empate já garantia o título invicto da equipe paulista.
Aos 40 minutos, a torcida palmeirense presente no Couto Pereira já soltava o grito de "É campeão". Um grito pra lá de merecido. Aos 47 minutos, o árbitro Sandro Meira Ricci apitou o fim de jogo e a torcida palmeirense espalahada pelos quatro cantos do país se juntou no grito. É campeão! Parabéns, Sociedade Esportiva Palmeiras!
Parafraseando o Rei: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi"...
FICHA TÉCNICA
CORITIBA 1 X 1 PALMEIRAS
Local: Couto Pereira, Curitiba (PR)
Data/Hora: 11/07/2012 - 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (FIFA-DF)
Assistentes: Carlos Berkenbrok (FIFA-SC) e Alessandro Rocha de Mattos (FIFA-BA)
Renda e público: R$1.193.108,00/ 31.382 pagantes
Cartões amarelos: Rafinha, Lincoln e Lucas Mendes (CTB); Juninho, João Vítor, Artur e Marcos Assunção (PAL)
Cartão vermelho: Pereira (CTB)
GOLS: Ayrton, 16'/2ºT (1-0) e Betinho, 20'/2ºT (1-1)
CORITIBA: Vanderlei, Jonas (Ayrton, Intervalo), Pereira, Demerson e Lucas Mendes; Willian, Sergio Manoel (Lincoln, 14'/2ºT), Rafinha, Everton Ribeiro e Roberto (Anderson Aquino, 21'/2ºT); Everton Costa. Técnico: Marcelo Oliveira
PALMEIRAS: Bruno, Artur, Maurício Ramos, Thiago Heleno (Leandro Amaro, 37'/1ºT) e Juninho; Henrique, Marcos Assunção, João Vítor (Márcio Araújo, 29'/2ºT) e Daniel Carvalho (Luan, 11'/2ºT); Mazinho e Betinho. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Campeões posam para fotografia antes do jogo (Crédito: Ari Ferreira)