BMG admitiu que recebeu outras propostas, mas optou pela 'não venda'.
Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, e o presidente do BMG, Ricardo Guimarães, afirmaram em entrevista que a associação entre os bancos, anunciada nesta terça-feira (10), para oferta, distribuição e comercialização de crédito consignado, foi fechada na noite de segunda-feira, após “poucos dias” de negociação.
“Foram de quatro a cinco dias [de negociação]”, disse Setubal. “A operação de ser decidida num tempo talvez recorde pela forma simplificada de se criar uma joint-venture (parceria)”, acrescentou.
Nas últimas semanas, Bradesco e BTG vinham sendo apontados como possíveis compradores ou participantes de uma associação com o BMG. O Itaú Unibanco não fora citado como potencial parceiro.
Guimarães admitiu que o BMG recebeu outras propostas, mas preferiu comentar apenas a opção escolhida pelo grupo, que segundo o executivo permitirá que o banco continue “operando de maneira agressiva” no mercado de crédito consignado.
O presidente do BMG disse também que pesou na decisão a proposta de uma associação no lugar de uma compra. “Não que a gente teria de vender. Mas foi uma hipótese que a gente avaliou também e preferimos optar pela não venda”, disse o executivo.
Nova empresa
Pelo acordo, a operação será estruturada como um novo negócio, por meio da criação de uma nova empresa, denominada Banco Itaú BMG Consignado. O Itaú Unibanco terá 70% da nova sociedade, ficando o BMG com o restante. A nova instituição começará com capital inicial de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 700 milhões serão aportados pelo Itaú e R$ 300 milhões pelo BMG.
A expectativa dos bancos é que a carteira da joint-venture possa atingir em dois anos o volume de aproximadamente R$ 12 bilhões, além das operações independentes do Itaú e do BMG. A carteira atual de crédito consignado do Itaú originado no banco é de cerca de R$ 10 bilhões e a do BMG, de R$ 25 bilhões.
Segundo os executivos dos bancos, o principal objetivo da parceria é aumentar a participação das instituições no mercado de crédito consignado, bem como aumentar a oferta dessa tipo de produto no país.
Para o Itaú, uma das principais vantagens será poder contar com a rede de cerca de 2 mil correspondentes bancários que oferecem atualmente as linhas de crédito do BMG. “A ideia não é criar alguma diferença operacional, mas sim fortalecer a operação existente com capital e funding”, disse Setubal.
Pelo acordo, o Itaú Unibanco proverá parte dos recursos financeiros para a operação de crédito consignado do BMG, no valor mensal de até R$ 300 milhões, pelo prazo de 5 anos. Segundo o BMG, o valor mensal financiará parte substancial das necessidades de captação de recursos do banco, a custos mais adequados à sua operação de crédito consignado.
As instituições acreditam que a efetivação da associação ocorra no prazo de 90 dias e que já no último trimestre do ano a nova marca a ser criada pelos bancos possa já estar sendo oferecida pelos correspondentes bancários.
Setubal esclareceu ainda que além do aporte de R$ 700 milhões para o capital social inicial, não haverá “nenhum outro desembolso” por parte do Itaú. “A operação é para termos uma presença grande no mercado de crédito consignado”, disse.
Segundo o presidente do Itaú, a expertise do BMG no mercado de crédito permitirá uma crescimento muito mais rápido da participação do banco neste segmento. “Os 70% que temos é muito mais do que a gente conseguiria sozinho”, disse. Sobre uma participação maior do Itaú na joint-venture, Setubal afirmou que “tudo pode acontecer a partir desse início”, mas que só o “futuro dirá”.