Saltadora acusa diretoria de 'falta de respeito' e dispara: 'Fui vítima de bala perdida'. Tricolor diz que deseja rescindir porque atleta desrespeitou o clube
Por Janir JúniorRio de Janeiro
Na última quinta-feira, Juliana Veloso levou um susto ao ver um oficial de Justiça bater à porta da sua casa com uma notificação de multa por parte do Fluminense. Mesmo sem entender, ela assinou a documentação. No dia seguinte, porém, um novo documento do 6º Ofício de Notas foi entregue à atleta orientando que, num prazo de 48 horas, ela deveria se apresentar para encerrar imediatamente seu contrato com o Tricolor. Segundo Juliana, ela não esperaa o rompimento e fez uma analogia, dizendo que foi vítima de "uma bala perdida", sem explicações e nem satisfações por parte da diretoria. Tudo isso às vésperas do embarque para as Olimpíadas de Londres, onde representará o Brasil nos saltos ornamentais. Sua viagem está marcada para o próximo dia 20.
- Ninguém falou nada comigo, faltou tato. Um oficial de Justiça bateu às 8h da manhã na minha porta. A palavra vítima não é legal, mas fui vítima de uma bala perdida. Nasci dentro do clube, fui federada aos três anos. Há cinco dias tento falar com alguém do Fluminense e não consigo. Um funcionário chegou a dizer que parecia brincadeira de gato e rato. Eu não estou brincando de nada. Isso não interfere na minha viagem para as Olimpíadas, mas interfere na cabeça do atleta - desabafou Juliana Veloso ao GLOBOESPORTE.COM.
Aos 31 anos, Juliana destaca sua identificação com o Fluminense e faz uma ressalva:
- Sou benemérita, a mais nova atleta a conseguir esse título, estou indo para minha quarta Olimpíada. Jamais vou querer ficar mal com a torcida do Fluminense, e deixo bem claro que não existiu conversa antes dessa atitude. Tinha contrato até o fim do ano. Se eu for para outro clube do Rio, ainda vão me chamar de mercenária. Essa diretoria tem muita falta de respeito, não sei se é só comigo, mas nunca me senti querida por eles. Se eu não expor isso, vão achar que está tudo bem. É um clima muito estranho.
A saltadora olímpica ainda direcionou críticas à estrutura de treinos do Fluminense, e comentou o fato de ter feito recentemente fisioterapia no Flamengo.
- Fui fazer fisioterapia no Flamengo com um fisioterapeuta do Cômite Olímpico Brasileiro (COB) porque o Fluminense não oferece, tem horários e dias restritos. Além disso, o trampolim do clube já não é o ideal. Então, passei a treinar no Julio Delamare. Não estava fazendo favor ao Fluminense. Estou indo para minha quarta Olimpíada. É um esporte que ninguém me ajuda, faço por prazer - destacou Juliana Veloso.
Juliana também direcionou críticas ao atual vice-presidente de futebol do Fluminense, Sandro Lima, que já foi responsável pelos esportes olímpicos do Tricolor.
- Tive uma lesão e liguei para o Sandrão dizendo que precisava de ajuda. Ele me perguntou se eu tinha plano de saúde, pois poderia me indicar um profissional. Total falta de respeito - completou.
Em nota oficial, o Fluminense justificou o rompimento. Para o clube, a saltadora foi seguidamente desrespeitosa em declarações à imprensa. Confira.
Nota sobre a saltadora Juliana Veloso
O vínculo com a saltadora Juliana Veloso foi rompido porque, em mais de uma ocasião, a atleta apresentou uma postura desrespeitosa com o clube em suas declarações à imprensa, descumprindo o seu contrato. A decisão foi tomada em conjunto com o Departamento de Esportes Olímpicos, após análise dos casos recorrentes.
O Fluminense sempre deu total apoio financeiro e estrutural para que a saltadora mantivesse a boa performance em suas competições.